A comunhão com Cristo na Missa

Jesus deixou-nos a Eucaristia para se dar em comunhão aos seus discípulos, através do pão e vinho. Foi o modo que ele inventou para os unir consigo pelo seu amor. Mas também para os unir entre eles, formando juntos com ele um só corpo. Assim lhes comunica o amor e a vida de Deus, para serem suas testemunhas e mensageiros no mundo. É esse memorial do Senhor que a Igreja celebra em cada Eucaristia.

“Tomai e comei” é o dom que, também hoje, através da Igreja e dos sacerdotes, Ele continua a oferecer aos cristãos, como o fez à primeira geração dos que escolheu e amou. Ele fala deste dom do seu amor com “pão da vida”, como alimento que veio do Céu, sacia o coração humano, “dá a vida ao mundo” e “dura até à vida eterna”. Ele torna-se também, através dos cristãos, da sua ação e do seu testemunho movidos por Cristo neles, força transformadora do mundo.

Há hoje quem está a obscurecer a luminosidade do mistério deste “dom inestimável” com a discussão se deve ser recebido na mão ou na boca. Será que o dom de Cristo e o seu amor, mais do que pela fé e o amor com que o recebemos, estão condicionados pelo órgão do nosso corpo que os recebe? Não foi todo o nosso corpo igualmente santificado pelo batismo ou haverá discriminação entre os nossos membros, sendo um mais digno do que outro para receber a comunhão com o Senhor? Não vem Cristo a nós, na Eucaristia, recebido na mão ou diretamente na boca, para santificar todo o nosso ser, corpo e alma? Não quer Ele inundar-nos com a vida divina e fazer-nos viver segundo Deus, irradiando o seu amor e a sua misericórdia para os outros à nossa volta?

Poderá alguém objetar: “Mas eu não me sinto digno de o receber na mão”. Então, não dizemos nós, antes da comunhão, “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”? Não acreditamos na eficácia da misericórdia de Jesus que pedimos com estas palavras? Em tudo e sempre, é Jesus que, com a sua graça e o seu perdão, nos torna dignos de o receber, seja na mão, na boca ou no coração. Não devemos complicar o que para Jesus é simples. Para o receber, se temos o coração purificado dos nossos pecados, basta um ato de fé e de amor a Jesus.

A discussão referida e o pôr-se da parte de alguns católicos contra a decisão dos bispos por optarem, na atual grave situação de pandemia, por razões de saúde pública, pela comunhão exclusivamente na mão, não ofenderá a nosso Senhor e não afastará dele, contrariamente ao que desejamos quando comungamos o seu Corpo “eucaristizado”? Pôr em causa a autoridade dos bispos nesta matéria é ferir a unidade da Igreja e afastar-se dela. Santo Inácio de Antioquia (séc. I) diz, a propósito da Eucaristia, estas palavras fortes: “… quem faz algo às ocultas do bispo serve o demónio”. E São Cipriano de Cartago (séc. III) adverte: “Deus não acolhe o sacrifício oferecido por quem guarda inimizade. Quer que ele se afaste do altar e vá primeiro reconciliar-se com o irmão, porque Deus não pode ser propiciado por quem reza com o coração agitado pelo ódio. O mais alto sacrifício aos olhos de Deus é a nossa paz, a concórdia fraterna e o seu povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

A objeção à comunhão na mão faz-me lembrar a atitude de alguém que recusa um presente precioso dado por amor, somente por não vir embalado como se julga conveniente ou se deseja. Então, eu, que amo a Cristo e nele acredito, vou ficar aborrecido e recusar o seu dom, somente porque não me é posto na boca? Que fé e amor são estes? Honremos a Cristo, acolhamos o seu dom, gratuita e gratamente, e comunguemos como ele se nos oferece como os pastores e outros ministros da Igreja no-lo entregam em seu Nome. E ele fará maravilhas na nossa vida, na sua Igreja e no mundo.

Padre Jorge Guarda

Mensagem do nosso Bispo por ocasião da retoma das celebrações comunitárias da Santa Missa

Caros diocesanos: fiéis leigos, religiosas e religiosos e sacerdotes, 

Saúdo-vos com alegria nesta ocasião de retoma das celebrações comunitárias da Santa Missa. De facto, é um momento muito esperado da alegria do reencontro dos fiéis como povo de Deus unido e reunido à volta da mesa do Senhor a celebrar a Eucaristia. Acontece numa festa muito significativa para a vida da Igreja, o Pentecostes que encerra o tempo pascal.

Como o Senhor ressuscitado enviou o Espírito Santo e os discípulos ficaram cheios de sabedoria e coragem para comunicar a todos a vida nova do Evangelho, assim suceda para nós nesta ocasião. Como após o inverno vem a primavera, e a vida, antes escondida e contida, desponta e floresce, assim agora nós, pelo sopro do Espírito, possamos experimentar a revitalização da fé e vida cristã pessoal, familiar e comunitária, saboreando a alegria do reencontro “reunidos no amor de Cristo” para celebrar a sua presença viva no meio de nós. 

Agradeço todo o vosso esforço, sacrifícios e testemunho de fé, neste tempo de confinamento e de ausência de celebrações comunitárias. Sei que custou muito, mas também que houve quem crescesse na fé utilizando os recursos oferecidos nos meios de comunicação digital. Houve famílias que redescobrirem a graça de serem “Igrejas domésticas” e puderam aprofundá-la. Espero que toda vida cristã que foi provada e cresceu, se mantenha e desenvolva agora com maior apoio e comunhão da comunidade cristã.

Embora com as devidas cautelas e movidos pelo amor aos outros, para nos protegermos mutuamente, aproximemo-nos das nossas igrejas com confiança e sem medo. Os pastores com os respetivos colaboradores foram cuidadosos na preparação das condições para evitar contágios com o vírus nas nossas assembleias. Se alguma coisa aprendemos nesta dolorosa experiência, é que todos precisamos de todos para nos protegermos e cuidarmos. Assim é também nas comunidades cristãs, não apenas para a saúde, mas também para o cuidado dos mais pobres e fragilizados e para crescemos juntos como família cristã chamada a viver e a dar testemunho da “alegria do Evangelho”.

Nestas celebrações comunitárias, louvemos e agradecemos a Deus por quanto fez por nós neste tempo de aflição, pela generosidade e fortaleza com que dotou os profissionais de saúde, as autoridades de saúde e de segurança públicas e muitas outras pessoas que serviram heroicamente o seu próximo com o seu trabalho e cuidados. Peçamos a graça de Deus para quem sofreu doenças ou a morte de familiares e amigos, para que dele recebam o necessário conforto. Confiemos à misericórdia divina todo os defuntos.

Imploremos de Nossa Senhora de Fátima, mãe de misericórdia e auxílio dos cristãos, o seu amparo e inspiração nesta nova fase da nossa caminhada humana e cristã.

 

                                                         Leiria, 29 de maio de 2020.

Refª: CE2020B-006

† Cardeal António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Igreja em tempo de desconfinamento

Caros paroquianos é com grande alegria que vos escrevemos novamente. Todos sabemos o quão estranhas e exigentes foram as últimas semanas. E sabemos bem as saudades que temos de estar juntos a celebrar a nossa Fé.

As últimas notícias e os números positivos da evolução da pandemia, associados ao bom tempo e às imagens do desconfinamento, deixam o nosso coração menos aflito. E é com enorme alegria que voltaremos a celebrar com a presença do povo de Deus.

 No entanto, recordemos as palavras do santo Padre há umas semanas que referia a importância da obediência às autoridades de saúde. Recordemos ainda que apesar de já não pesar sobre nós o estado de emergência, mantém-se o estado de calamidade.

A nossa cidade foi exemplar na forma como se comportou nestas semanas e precisamos de o continuar a ser.

Infelizmente ainda muito nos falta para regressar aos hábitos que nos enchem o coração e aquela proximidade que tanta falta nos faz.

 Deste modo, seguindo as recomendações da Direção Geral de Saúde e da Conferência Episcopal, vamos retomar no próximo fim de semana 30 e 31 as celebrações com a presença do povo de Deus.

Inevitavelmente haverá várias restrições e indicações a ter em conta, nomeadamente:

- As pessoas de grupos de risco ou que estejam doentes devem ficar em casa.

- O número de pessoas por celebração é de cerca de 100 pessoas, quer na igreja Paroquial da Marinha Grande, quer na igreja de Picassinos.

- O uso obrigatório de máscara.

- A desinfeção obrigatória das mãos com gel à entrada e no momento da comunhão.

- Os lugares a ocupar estão devidamente marcados.

- Haverá, em cada Eucaristia, uma equipa de acolhimento que dará as indicações práticas.

- As igrejas abrem 30 minutos antes de cada Eucaristia.

 No que diz respeito à nossa paróquia, a equipa de padres, deseja muito que impere o bom senso e a cautela. É certo que temos saudades da Eucaristia, de visitar o sacrário, de estar juntos. Mas é verdade que estas semanas, em que sentimos a “normalidade da nossa Fé” virada do avesso, nos desafiaram.

Tem sido um espanto o crescer das nossas “Igrejas domésticas”, a oração que se tornou tão mais especial, as iniciativas dos meninos da catequese... Muitos paroquianos diziam ter sido uma grande surpresa o Tríduo pascal. Pela primeira vez viram na “fila da frente” e viram pormenores que nunca antes tinham conseguindo contemplar. E em abono da verdade, a avaliar pelos dados das transmissões o nosso Tríduo foi muito mais participado que habitualmente.

Pensamos por isso, que apesar desta pequenina abertura das regras, mas sendo ainda tempo de cuidado para com a saúde pública, esta pode ser uma oportunidade de ouro para continuar a encontrar este Jesus não apenas no íntimo do nosso coração, mas no coração da nossa casa, da nossa família. Deus arranja sempre forma de chegar até nós, com pandemia ou sem pandemia.

Para já o plano que assumimos passa pelo seguinte: o número de celebrações possíveis nos espaços maiores para que mais pessoas possam participar. Alguns verão outras paróquias com mais celebrações e grandes aberturas. No nosso contexto, procurando a prudência e os devidos cuidados que nos são exigidos, pensamos que tanto a Igreja Paroquial como a igreja de Picassinos reúnem as melhores condições.

Recordamos também que para já, após cada celebração será necessário fazer o arejamento e limpeza/desinfeção dos espaços, o que naturalmente implica um grande esforço, assumido pelas comissões.

Como anunciado teremos este sábado missa na igreja Paroquial às 19h00, e no domingo em Picassinos às 09h30 e na igreja Paroquial às 11h00 e às 19h00.

Para já mantemos transmissão para as redes sociais da eucaristia das 11h00 de domingo como é hábito. À terça-feira e à quinta-feira teremos missa na Igreja Paroquial às 19h00 e à quarta-feira transmitiremos a partir da casa paroquial para o facebook, para permitir que as pessoas que não podem sair de casa possam participar na Eucaristia. Quanto às intenções de missas, podem ser feitas no cartório, por telefone ou pela página de internet da nossa paróquia.

Tudo isto será ajustado mediante dois fatores importantes:

O regresso ao trabalho do padre Patrício, assim que os médicos aconselharem nesse sentido;
e o evoluir da situação da pandemia, com as normas da DGS e da Conferência Episcopal.

Aceitemos o desafio de viver este tempo de forma especial. De uma maior proximidade.

Aproxima-se o Pentecostes, e recordamos uma Igreja fechada em casa, pequenina e tão incerta do seu futuro, mas que se vai abrindo à ação do Espírito Santo. Certamente que todos nos identificaremos este ano com essa Igreja primitiva, sobretudo no encontro com Deus.

Pe Patrício Oliveira,
Pe Rui Ruivo

Oração do Terço no Mês de Maio de 2020

PROPOSTA PARA AS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Oração do Terço no Mês de Maio de 2020

O mês de maio é um mês que a Igreja dedica de uma forma particular a Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe. Este ano de 2020, vivemos este mês marcados pelo confinamento e isolamento social. Não podendo estar fisicamente juntos para celebrar e rezar em grupo ou nas paróquias, acolhemos o desafio do Papa Francisco que, numa carta dirigida a todos os fiéis para este mês de maio de 2020, convida a valorizar o papel da família também do ponto de vista espiritual, e a “descobrir a beleza de rezar o Terço em casa no mês de maio. Podeis fazê-lo juntos ou individualmente: decidi vós de acordo com as situações, valorizando ambas as possibilidades. Seja como for, há um segredo para bem o fazer: a simplicidade.”

O Papa diz depois que é fácil encontrar bons esquemas para a recitação desta oração. E é nesse sentido que os Secretariados da Catequese da Zona Centro (Leiria-Fátima, Lisboa, Portalegre-Castelo Branco, Santarém e Setúbal) fazem esta proposta especialmente dirigida às famílias com crianças e adolescentes da catequese: para cada dia deste mês de maio, um esquema simples para a oração do Terço em casa.

O Papa termina a sua Carta com a proposta de duas orações que ele próprio vai rezar, e dizendo-nos que “a contemplação do rosto de Cristo, juntamente com o coração de Maria, nossa Mãe, tornar-nos-á ainda mais unidos como família espiritual e ajudar-nos-á a superar esta prova. Eu rezarei por vós, especialmente pelos que mais sofrem, e vós, por favor, rezai por mim. Agradeço-vos e de coração vos abençoo.”

Os esquemas para cada um dos dias vão ser progressivamente disponibilizados AQUI.

Introdução orações para rezar o Terço
1 de maio, sexta-feira
2 de maio, sábado
3 de maio, domingo
4 de maio, segunda-feira
5 de maio, terça-feira
6 de maio, quarta-feira

MENSAGEM DA COMISSÃO EPISCOPAL DO LAICADO E FAMÍLIA PARA O DIA DA MÃE - 03 de Maio de 2020

Recordar e celebrar o Dia da Mãe, faz-nos bem a todos


Faz-nos bem, a todos, recordar e celebrar o Dia da Mãe! Voltar a ser filho renova a nossa fraternidade. Reconhecemos com gratidão a beleza do Amor de Mãe, que permanentemente, sabe ser Mãe, dedicando a sua vida ao acolhimento amoroso de seus filhos, à sua educação integral, ao acompanhamento ao longo das diversas etapas da vida, por toda a vida e com todas as capacidades da sua vida. Como afirmou S. Óscar Romero, alguém que soube dar a vida: «A escolha de vida de uma Mãe é a escolha de dar a vida. E isto é grande e belo!». Para os que têm o dom da fé, na maioria dos casos, têm ainda um obrigado acrescido à sua Mãe, é que como diz o Papa Francisco «Sem as Mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu calor simples e profundo». (Catequese Papa Francisco, 07-01-2015) Por isso, celebrar hoje o Dia da Mãe é apoiar todas as mulheres que escolhem como caminho, oferecer ao mundo os seus filhos e dar-se pela família, berço natural da vida; apoiar e proteger em todas as circunstâncias e casos, o dom da maternidade e proclamar com o nosso compromisso, que as Mães são verdadeiras beneméritas da sociedade, pois sabem transmitir em todos os momentos, mesmo nos piores, a ternura, a beleza do perdão e a força da coragem. Que se enraíze cada vez mais em nós, o compromisso de apoiar e proteger o dom da maternidade, desde os primeiros momentos da fecundação, e em todas a fases da sua missão. Claro que celebrar o dia da Mãe, também nos traz inquietações e incómodos interiores, quando recordamos as Mães que são vítimas de violência doméstica, e choram os seus filhos traumatizados. Mães que enfrentam as tempestades, e com energia e inesgotável criatividade que lhes vem dos horizontes alargados do Amor, superam tormentos e constroem a partir das cinzas, com a sua persistência, a bonança nas vidas de seus filhos e da sua família. Que na nossa cidadania, saibamos assumir a exigência de mudanças de mentalidade e comportamentos face ao martírio de muitas Mães não apoiadas nem compreendidas. Como lembra o Papa Francisco, «a Mãe, embora seja muito exaltada sob o ponto de vista simbólico, é pouco escutada e pouco apoiada no dia-a-dia. Pouco considerada no seu papel central na sociedade». (Papa Francisco, dia da Mãe 13-05-2018). Neste ano acrescidamente difícil, marcado pela pandemia do Covid 19, aprendamos com as Mães o valor da vida que delas recebemos e percebamos como é bela a cultura da defesa da vida. Melhor do que nunca, percebemos a comparação de que Deus se serviu para nos dizer que nunca estamos sós e abandonados, porque ele nunca nos esquece, é como as Mães: «Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.» (Is 49, 15). Obrigado a todas a Mães e feliz Dia da Mãe.

O Rosário, oração dos simples

Caros diocesanos,

No dia 25 de abril, o Papa Francisco dirigiu uma breve carta a todos os fiéis católicos sobre o mês de maio particularmente dedicado à devoção à Virgem Maria, Mãe de Jesus e da Igreja. Convida os fiéis a exprimir o seu amor a Maria concretamente através da oração do rosário. O isolamento social neste tempo ajuda a valorizar a oração, a sentir-se mais unidos espiritualmente em família e mais fortes para superar a provação atual.

É interessante que o Santo Padre realce a simplicidade do rosário. De facto, é chamada a oração dos simples. Foi assim a sua origem no meio do povo simples: para exprimir o amor à mãe celeste, sentir a sua proximidade e invocar proteção. O próprio nome “rosário” significava oferecer uma coroa de rosas (as “ave-marias”) a Nossa Senhora. Não se reduz a um “amuleto” ou “objeto mágico” de pôr ao pescoço. É antes um exercício de abandono dos nossos afãs nos corações de Jesus e de sua mãe. Pode fazer-se em qualquer lugar ou hora do dia, de modo individual, em grupo, família ou comunidade, com a maior simplicidade. Mesmo se nos distraímos, podemos oferecer essas distrações a Nossa Senhora.

Além disso, bate ao ritmo da nossa vida e dos problemas do mundo. Durante a sua recitação, com o olhar e o coração de Maria, vamos meditando os mistérios gozosos, dolorosos, luminosos e gloriosos de Cristo. Ao mesmo tempo, integramos neles a nossa própria vida e a do mundo, tecida de alegrias e de dores, de sombras e de luz, de perturbação e de esperança.

Com esta minha carta quero unir-me ao apelo do Santo Padre e fazer eco dele para a nossa diocese, onde ouvimos Nossa Senhora a pedir aos pastorinhos num tempo dramático da história da humanidade: “Rezem o terço todos os dias para alcançar a paz para o mundo e o fim da guerra”. Apercebemo-nos de que se trata de uma oração dos momentos difíceis, como meio de se abrir à misericórdia de Deus, de Lhe confiar a nossa vida e a do mundo, unidos ao Coração Imaculado de Maria e sob a sua proteção materna.

Envolver e ensinar as crianças

Desejo salientar aqui a resposta dos pastorinhos que levaram a sério o pedido de Nossa Senhora. São um bom exemplo para todos nós e em especial para as crianças. A propósito lembro as palavras do bondoso Papa S. João XXIII, num encontro com crianças em 1963. Dizia-lhes carinhosamente: “Sois-nos muito queridos como as pupilas dos nossos olhos, sobretudo porque, com a natural vivacidade dos vossos anos, sois crianças que rezam”, e pediu-lhes para rezarem uma dezena (dez ave-marias) do rosário, por dia, acrescentando que “um dia sem oração é como um céu sem estrelas, como um jardim sem flores”.

Peço, então, que se envolvam também as crianças nesta oração, ensinando-as de modo pedagógico, prático, gradual e progressivo, de acordo com a sua idade. Elas podem intervir também dizendo alguma intenção. As crianças mais pequeninas podem rezar somente três ave-marias, as maiores dez e os adolescentes todo o rosário, quer dizer, os cinco mistérios. Aproveite-se para explicar o sentido da oração e de cada uma das fórmulas que compõem o rosário. Na internet, é fácil encontrar ajuda neste sentido. Para captar a atenção, é bom fazer a oração diante do cantinho preparado para o efeito, pondo nele uma imagem de Nossa Senhora, uma vela acesa e porventura flores.

Correspondamos, então, generosamente, ao pedido do Papa Francisco invocando a proteção maternal da Virgem Maria, Mãe espiritual da humanidade, e a intercessão dos santos Francisco e Jacinta Marto, para que nos ajudem a libertar desta pandemia e das suas terríveis consequências económicas e sociais.

No primeiro domingo de maio, dia da mãe, confiemos à ternura e intercessão da Mãe de Jesus todas as nossas mães e, em especial, as mães que sofrem por causa de doenças, morte, ingratidão ou até violência dos seus filhos. A Mãe do Céu lhes seja de conforto e ajuda.

 

Leiria, 29 de abril de 2020.

 

† Cardeal António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

SEMANA SANTA: ASPETOS PASTORAIS E LITÚRGICOS EM TEMPO DE COVID-19 SUGERIDOS ÀS FAMÍLIAS

Escreveu o nosso Bispo, Dom António Marto, na nota Pastoral de 2 abril:

“Este ano somos convidados a reviver esta experiência de encontro com o Senhor nas nossas casas. Convido, pois, cada família a celebrar a Semana Santa no seu lar, envolvendo todos o mais possível: as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos. (…) Vamos fazê-lo em comunhão com a Igreja diocesana e com as respetivas comunidades paroquiais e de vida consagrada. E rezando também por quantos estão em sofrimento por serem vítimas da pandemia ou preocupados no esgotante trabalho para a combater e cuidar dos doentes. Se o fizermos assim, seguramente o Senhor ressuscitado vai manifestar-se e fazer-nos passar da tristeza e da angústia à alegria e ao ardor de coração pela sua presença viva em cada coração, na família, nas comunidades cristãs e nesta humanidade amedrontada e atribulada em busca de cura e de melhor saúde para todos.
Cada comunidade familiar procure criativamente as formas mais adequadas à sua situação para celebrar a Páscoa”.

Assim, neste tempo excecional e na medida do possível, primeiramente sugere-se que as famílias participem nas celebrações litúrgicas através dos meios de comunicação social ou das redes sociais. E que, tomando sempre as necessárias precauções, se auxiliem os idosos e doentes para que possam também eles participar do mesmo modo nas celebrações litúrgicas.

Na sua nota pastoral o Senhor Dom António apresenta os horários das “celebrações na sé, presididas pelo bispo e sem a assembleia de fiéis” e que “serão transmitidas pelo canal youtube da Diocese: na quinta-feira santa, às 18h00, missa da Ceia do Senhor; na sexta-feira santa, às 15h00, celebração da Paixão do Senhor; no sábado santo, às 22h00, a vigília pascal. No domingo de Páscoa, às 10h30, a missa será transmitida a partir da casa episcopal”.

Na sequência do pedido do Senhor Bispo o Departamento Diocesano de Litúrgica propõe um esquema de celebração para fazer e celebrar em família que esta no sítio da diocese.

Existem também subsídios publicados pelo Secretariado Nacional de Liturgia
http://www.liturgia.pt

- Celebrar e rezar em tempo de epidemia:
http://liturgia.pt/files/epidemia/CelebRezarPandemia.pdf

- Na esperança que sustenta a casa - Celebrar e rezar em tempo de pandemia Domingo de Ramos e Tríduo Pascal:

http://liturgia.pt/files/epidemia/SemSantaFamilia.pdf

Existe também a publicação "Tríduo Pascal em Família", disponibilizado on-line pela Paulus Editora:

http://bit.ly/TriduoPascal_Familia

Propostas de oração em família para a Semana Santa

A diocese preparou alguns momentos de oração para as famílias fazerem em casa, podem ser descarregados aqui:

Domingo de Ramos

Quinta-Feira Santa

Sexta-Feira Santa

Celebração Penitencial

Vigília Pascal

Domingo de Páscoa

Aos nossos paroquianos

Não me é fácil arranjar uma forma de começar o texto de forma positiva, talvez porque estes dias nos deixam a todos um tanto ou quanto sisudos e com razão. É verdade que não queremos alarmismos, mas certamente todos nós andamos bastante apreensivos em relação ao futuro, padres incluídos!

Mesmo para os adeptos do “copo meio cheio” este tempo tem sido um verdadeiro desafio. É justamente esse desafio que me tem inquietado nos últimos dias. Hoje de manhã escutava uma conversa on line acerca do futuro das nossas comunidades e como continuar a levar a nossa missão por diante; um dos intervenientes contava então uma pequenina história sobre dois homens, dizia ele que um era rico, outro era pobre: diante da necessidade de comprar algo, ambos tinham exatamente a mesmo quantia disponível, o pobre diz: “não tenho que chegue, desisto”; o rico interroga-se: como vou fazer para conseguir?”. Não caindo na ingenuidade de simplificar uma situação que é bastante dramática, não podemos negar que faz um certo sentido mudar a nossa atitude interior diante da adversidade. Afinal de contas, o nosso Pai do Céu é rico!

Nos últimos tempos ouvem-me falar repetidas vezes de missão, envangelização, do desejo de sermos uma paróquia feita de discípulos missionários, que saí para fora e acolhe quem vem de novo, temos rezado pela transformação e renovação paroquial. Até escrevi o mês passado acerca do pó da nossa igreja.

Eis-nos numa situação em que já devíamos ter discutido tudo isto há 20 anos. Porquê? Porque no nosso modelo tradicional de ser Igreja não chega... vemo-nos numa situação que revela todas as nossas fraquezas enquanto instituição: nunca nos ocorreu que não nos podíamos encontrar todas as semanas; muito menos nos ocorreu celebrar a Páscoa com a Igreja vazia; não sabemos bem como resolver a questão da catequese; não imaginávamos não contar com os ofertórios para pagar as despesas; não sabemos o número de telefone de toda a gente para ligar e saber como estão. E as respostas que felizmente as novas tecnologias nos oferecem: streaming, vídeos no Facebook e no Youtube, reuniões por vídeo conferência, não chegam a uma grande e significativa parte da nossa comunidade!

A questão que se impõe dolorosamente é: como fazer? Como continuar apesar da adversidade?

Sim, porque a nossa missão de ir e ensinar, fazer discípulos, implica também sermos próximos de quem mais precisa. Implica cuidar uns dos outros como família alargada que somos.

É bem verdade que estamos esperançados que tudo isto seja provisório, e que sejam apenas umas semanas mais complicadas. Mas e se não for? E se no próximo inverno tivermos que voltar ao isolamento? E se for o Covid 20 ou 21?

Temos aqui duas possibilidades: “panicamos” (ato de entrar em pânico coletivo ou individual), ou (re)inventamo-nos. Conhecendo as gentes da Marinha, tenho a certeza que a aposta será numa re-invenção da nossa comunidade paroquial. É por isso tão importante para todos nós ter bem presente a missão que foi confiada à igreja e a cada um de nós. E muito mais presente ainda o que significa ser cristão e como ser cristão.

Reparem como a visão clericalista da igreja agora é tão redutora: o padre agora está em casa e, para aqueles que entendem o ir à igreja como um “picar o ponto”, estão agora certamente muito desconfortáveis. Bem como os que acham que a oração tem que ser começada pelo padre, porque estão mais próximos de Deus.... Todas essas ideias e mais algumas (...), ficam em maus lençóis.

Diziam alguns profetas da desgraça que após esta crise as igrejas ficariam despidas de gente, que o povo não regressaria. Acredito que tivessem o artigo já pronto e faltasse apenas uma desculpa e um motivo para sentenciar o fim da Igreja.

Digo-o com toda a honestidade e franqueza: se alguém abandona a Igreja porque não pode ir à missa umas semanas, nunca fez verdadeiramente parte dela. A esses não digo boa viagem, digo “bem-vindos”, quando decidirem regressar. Temos aqui uma oportunidade extraordinária para redescobrir a nossa Fé e a nossa comunidade.

Vivemos um momento de viragem, é bem provável que daqui a uns anos olhemos para 2020 como o ano em que mudaram comportamentos, relações e perspectivas. A Fé não está isenta dessa mudança. É aqui que entra o desafio, como o homem rico, de questionar: Como posso fazer tirar o maior partido destas circunstâncias?

Nem eu nem o padre Rui temos as soluções e as respostas, ninguém as tem. A nós padres, compete-nos o trabalho de conduzir, desafiar, incentivar e acompanhar. Reparem como agora a catequese está dependente dos pais e não dos catequistas. A oração, o encontro com Deus depende verdadeiramente de cada um de nós. É bem verdade que ir à igreja, mesmo que sem grande vontade ou participação interior, trazia um certo conforto: “pelo menos fui!”. Agora é tudo diferente, não nos adianta fazer streaming em alta definição para várias plataformas ao mesmo tempo, pois em última análise depende da vontade de cada um de se unir espiritualmente, de se fazer presente verdadeiramente naquele momento.

Até o comungar ganhará uma dimensão maior! Não é só ir na fila distraidamente ou a serpentear pela igreja para encontrar a fila onde está o padre. Comungar agora espiritualmente será o desejo interior e profundo de se unir com Cristo Ressuscitado, recebê-lo na sua vida e viver de acordo com essa presença.

Sim, vivemos tempos oportunos para crescer na Fé. Ler, estudar, rezar, pegar na Bíblia com a família, ler e partilhar o que se lê. Pegar no catecismo dos miúdos e explorar com eles. Pegar naquele Youcat que os adolescentes têm lá em casa (ou mandar vir) e esclarecer questões de Fé.

Gostaríamos muito, nós os vossos padres, que crescêssemos como Igreja doméstica. Não porque substituí a nossa Assembleia dominical, mas porque a potencia. Quando voltarmos a estar juntos, vamos redescobrir a importância e o valor de o fazer. Vamos cantar todos, vamos responder com mais força, vamos ser mais ativos: vamos celebrar verdadeiramente uma Igreja que está viva e que mantém a presença de Cristo uma realidade palpável na nossa cidade.

Precisamos de nos re-inventar: em novas maneiras de contacto, de estar presentes. Permitam-me que o diga assim: precisamos de uma comunidade à prova de pandemias, mas sobretudo à prova de distâncias. Precisamos descobrir e adaptarmo-nos a uma realidade que nem sempre nos permite estar juntos fisicamente, mas que nos permite estar envolvidos e próximos.  E sim, um telefonema, um ir às compras pelo vizinho, uma vídeo-chamada de grupo, ensinar os pais a utilizar o smartphone, etc, etc, etc.

A nossa catequese precisa ser centrada no essencial: a transmissão da Fé, de pais para filhos, com o apoio da comunidade.

Da nossa parte tentaremos fazer chegar toda a ajuda possível, estar presentes, partilhar ideias e ferramentas que por estes dias se multiplicam na internet. Juntos vamos manter a nossa comunidade viva.

Sem medo do futuro confiemos a Deus o nosso presente, abramos o nosso coração e como os pastorinhos em Fátima perguntemos juntos: o que é que vossemecê me quer?

Documentos e Celebrações Pascais

Ainda a propósito de toda a esta situação, a conferência Episcopal partilhou vários documentos com orientações para as celebrações da Páscoa, podem fazer o download aqui para estarem a par das novidades.

CEP_Comunicado_RosarioConsagracao_2020-03-20

CEP_Comunicado_SemanaSanta_2020-03-20

Covid19_DecretoCCDDS_Pascoa2020_pt.docx

PenitenciariaApostolica_Decreto_IndulgenciaPlenaria_Covid19

PenitenciariaApostolica_Nota_Confissao_Covid19

Igreja Católica convoca momento nacional de oração

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou hoje a convocação de um momento de oração nacional, a 25 de março, solenidade da Anunciação do Senhor, perante a pandemia do Covid-19.

“Todas as Dioceses estarão unidas na oração do Rosário pelas intenções de todo o mundo e em particular de Portugal, nesta situação dramática que estamos a passar devido ao coronavírus Covid-19”, refere um
comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA pelo Secretariado Geral do organismo católico.
A oração do Rosário vai ser transmitida por várias plataformas digitais de rádio e televisão, com início às 18h30, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário do Santuário de Fátima; será presidida pelo cardeal António Marto, bispo de Leiria-Fátima e vice-presidente da CEP.

“A seguir à oração, o cardeal António Marto fará a renovação da consagração de Portugal ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria”, acrescenta a nota.

A partir das nossas casas procuremos estar em sintonia espiritual nesta oração do Rosário e consagração de Portugal”.