Morreu o Papa Francisco!

Rezo por ele hoje, como rezei todos os dias do seu pontificado.

Era um homem bom, acredito firmemente que imbuído sempre do enorme desejo de servir a Cristo, servindo os homens em Igreja.
Foi o “meu” Papa como todos os anteriores foram os “meus” Papas.
Em algumas coisas não estive de acordo com ele, mas duas coisas sempre falaram mais alto, para que eu curvasse a cabeça e obedecesse: Porque era o Bispo de Roma escolhido para liderar a Igreja, servindo a Deus, servindo os homens e, em segundo lugar, pela simples constatação de que eu não sou nada, nem ninguém, para colocar em causa as suas decisões, a sua obra.

O que sempre me tocou nele foi a proximidade às pessoas e a nítida vontade de querer edificar uma Igreja para todos aqueles que a quisessem procurar em verdade.

E isso faz-me sempre lembrar, sem dúvida, as primeiras comunidades cristãs que se amavam entre eles, mas amavam também aqueles que ainda procuravam Jesus Cristo com sinceridade de coração.
Era eu ainda bastante novo e pouco consciente das coisas da Igreja, quando aconteceu o Concilio Vaticano II, mas já nesse tempo algumas coisas não foram entendidas como deveriam ser, por muita gente.
O tempo, guiado pelo Espírito Santo, se encarregou de conduzir as reformas de modo a construir uma Igreja mais fraterna e actual.
E é exactamente nisso que acredito que o Espírito Santo fará com a obra do Papa Francisco
Deus lhe dê o descanso no eterno amor de Deus que ele tanto, com certeza, merece.

Joaquim Mexia Alves

Proposta de Oração pelo Papa Francisco

A Rede Mundial de Oração do Papa propõe a seguinte oração neste tempo de luto

Rezem por mim…
Mais uma vez ressoa o teu simples pedido,
querido Papa Francisco…
Rezamos por ti, que já repousas no abraço eterno do Pai.

Rezem por mim…
E nós elevamos o coração ao Senhor e dizemos:
OBRIGADO! pela tua vida entregue…
Porque, como nos ensinaste:
“se somos portadores de gratidão, o mundo também se torna melhor”.

Rezem por mim…
E sentimos-nos convidados a acolher com alegria o teu legado à Rede Mundial de ORAÇÃO…
Porque, como nos dizias:
“a oração é o nosso coração e a nossa voz”.

Rezem por mim…
E renovamos o nosso desejo de viver a FRATERNIDADE…
Porque nos mostraste com clareza que “quem reza nunca deixa o mundo para trás”.

Rezem por mim…
E queremos colaborar na missão de COMPAIXÃO…
Porque, como aprendemos no Evangelho,
“quem não ama o irmão, não reza de verdade.”

Rezem por mim…
E sentimos-nos FILHOS DE UM MESMO PAI…
Porque, como tantas vezes sublinhaste,
“somos filhos do amor, somos irmãos do amor.
Somos homens e mulheres da graça”.

Rezem por mim…
E comprometemo-nos a ser uma IGREJA SINODAL…
Queremos “ser uma Igreja que escuta”…
Porque também para nós
“a participação de todos é um compromisso eclesial irrenunciável.”

Obrigado, Papa Francisco!
Hoje e sempre rezamos por si.
Descanse em paz.
Amém.

Nota de pesar de D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima

Em comunhão com toda a Igreja, a Diocese de Leiria-Fátima recebeu com profunda comoção a notícia do falecimento do Santo Padre, o Papa Francisco. Nesta hora marcada pela dor da separação, somos consolados pela esperança pascal que celebramos neste tempo litúrgico: a certeza de que a morte não tem a última palavra, mas é passagem para a vida plena em Deus.

O Papa Francisco foi, ao longo do seu pontificado, verdadeiro sinal do amor de Cristo, vivendo o seu ministério como servo humilde e próximo, sempre atento aos que sofrem, aos mais pobres e esquecidos, e guiando a Igreja com sabedoria, firmeza e ternura. No seu modo simples e profundamente evangélico de ser, foi para todos uma presença do Bom Pastor — um verdadeiro alter Christus, outro Cristo — entre nós.

O Papa Francisco foi também homem de abrir caminhos dentro da Igreja e de iniciar processos. Não procurou respostas fáceis nem soluções imediatas, mas lançou a Igreja num dinamismo de escuta, discernimento e conversão. O caminho sinodal que promoveu é expressão clara desta visão: não se trata, como ele próprio afirmou, de um discurso sobre a Igreja, mas de um caminho da Igreja e em Igreja, que faz parte da sua missão. A celebração do Jubileu, centrada no tema da Esperança, ganha por isso um significado especial neste momento: o Papa ajudou-nos a reencontrar a esperança que nasce do Evangelho vivido e partilhado.

Entre tantos ensinamentos e gestos, deixa-nos uma herança simples e exigente: que continuemos o caminho. É este o apelo que ressoa com particular força no coração da Igreja neste tempo pascal, em que celebramos a vitória da vida sobre a morte. É profundamente simbólico que o Papa Francisco tenha partido para o Pai na primeira segunda-feira da Páscoa — o dia em que começa este tempo novo, este caminho pascal, esta verdadeira passagem.

A Diocese de Leiria-Fátima guarda com particular afecto a relação que o Papa Francisco manteve com o santuário de Fátima. Visitou a Cova da Iria por ocasião do centenário das aparições, confiando ali o seu ministério à Virgem Maria e reconhecendo, na mensagem de Fátima, um apelo sempre actual à conversão, à oração e à paz. Foi também sob o seu pontificado que foram canonizados os santos Francisco e Jacinta Marto, modelo de entrega e santidade para toda a Igreja.

Nesta hora, confiamos o Papa Francisco à misericórdia do Pai e à intercessão da Virgem de Fátima, a quem tanto amou. Que o Ressuscitado, cuja presença anunciava com fé e coragem, o acolha na alegria eterna do Reino. E que a Igreja continue o caminho que ele nos ajudou a traçar, com fidelidade ao Evangelho, abertura ao Espírito Santo e generosidade no serviço ao mundo.

Leiria, 21 de abril de 2025

† José Ornelas Carvalho
Bispo de Leiria-Fátima

Mensagem para o Dia da Mãe da Comissão Episcopal do Laicado e Família

DIA DA MÃE – ELEVAR O CORAÇÃO

O Dia da Mãe deve, necessariamente, situar-nos no projeto do Ano Santo. Com a Igreja universal, queremos ser peregrinos de esperança. Sempre imbuídos de uma espiritualidade sinodal, desejamos que a vida, em todas as suas dimensões, se torne uma verdadeira peregrinação.

Despedimo-nos com profunda gratidão, nestes dias, do Papa Francisco. Com a nossa oração e comunhão acompanhámo-lo no seu peregrinar para a Casa de Deus Pai, ao encontro do regaço de Maria, nossa Mãe, a quem sempre amou.

O Papa Francisco, a partir da sua própria experiência, ensinou-nos que a mãe é aquela que, quotidianamente, e para com todos, vive uma proximidade marcada por “elevar o coração”, sempre e de modo igual para todos. Não precisa de ser uma supermulher, desejando tudo fazer, nem pretender dar aos filhos o prazer das coisas materiais, viagens e afins. Sabe que erra, mas ousa pedir desculpa, sem medo nem ressentimentos. Oferece abraços e ternura – tudo coisas importantes e essenciais. Mas a mãe é, sobretudo, a heroína que eleva o coração do marido, dos filhos, dos netos, hoje, amanhã e sempre, nos momentos de alegria, assim como na angústia e na tempestade. A força do seu coração chega a todos, impercetivelmente ou com gestos, silenciosamente ou com palavras.

Neste dia, mas com repercussões para toda a vida, procuremos manifestar gratidão pelo amor materno e asseguremos às nossas mães, vivas ou falecidas, que, com elas, aprendemos e que, também nós, iremos trabalhar esta arte de elevar o coração. O Papa Francisco, na sua quarta encíclica, Dilexit Nos, sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus, não deixa dúvidas: “Neste mundo líquido, é necessário voltar ao coração; indicar onde cada pessoa, de qualquer classe e condição, faz a própria síntese; onde os seres concretos encontram a fonte e a raiz de todas as suas outras potências, convicções, paixões e escolhas. Movemo-nos, porém, em sociedades de consumidores em série, preocupados só com o agora e dominados pelos ritmos e ruídos da tecnologia, sem muita paciência para os processos que a interioridade exige.

Às mães maltratadas ou desprezadas, às que perderam um filho, às que vivem sem aconchego, às que sentem a solidão – seja na velhice ou até mesmo na juventude –, às cansadas e sem amparo, saibamos mostrar-lhes que todo o seu empenho em elevar o coração não ficará sem recompensa.

Peregrinos de esperança, ousemos, na família, manifestar que “a coisa no mundo mais parecida com os olhos de Deus são as mães”, como reflete o Cardeal Tolentino Mendonça. Elas veem e amam como Deus. E, tal como elas, na proximidade das nossas vidas, também desejamos elevar o coração dos outros. Neste mundo, e neste tempo de insensibilidade, aproveitemos o Dia da Mãe para parar. Parar para pensar e reconhecer que a esperança acontece quando a semeamos, intuindo as inspirações do coração nas nossas relações com os outros, numa verdadeira abrangência universal, mas, sobretudo, nos circuitos da vida familiar.

Neste Ano Jubilar, não peregrinaremos às Igrejas Jubilares só e apenas com o intuito de lucrar a indulgência. Como peregrinos de esperança, somos convidados a penetrar em todos os âmbitos existenciais. A peregrinação, mais do que um deslocamento exterior, deve tornar-se um movimento interior, um renovar contínuo da fé, da entrega e do compromisso.

A família é o espaço privilegiado para sentir e vivenciar as mais variadas interpelações. Ela é, na verdade, o primeiro campo onde cada membro se deve tornar um cultivador diligente desta semente da esperança.

A esperança não surge como algo adquirido; precisa de ambientes favoráveis. Não devemos ser pessimistas nem alarmistas, mas sabemos, tantas vezes por experiência pessoal, que, em muitos espaços familiares, a esperança não é cultivada e, muito menos, oferecida. Aí, todos os seus membros são chamados, sempre, mas particularmente neste ano, a serem “cultivadores diligentes da semente do Evangelho”, de modo a fermentar quotidianamente a humanidade. Na verdade, não basta desejar um mundo melhor; é preciso começar pelo nosso próprio lar, fazendo dele um lugar onde a esperança possa florescer.

Obrigado, mães. Convosco, viveremos a proximidade cristã, ajudando, sempre, a elevar o coração.

A vida é sempre um bem. Iniciar processos para uma Pastoral da Vida Humana

No dia  25 de março de 2025, celebrou-se o 30º aniversário da Carta Encíclica Evangelium vitae e, nessa ocasião, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida publicou um subsídio sobre como iniciar processos eclesiais para promover uma Pastoral da Vida humana, a fim de defendê-la, protegê-la e promovê-la nos diversos contextos geográficos e culturais, num tempo de gravíssimas violações da dignidade do ser humano.

24 de março de 2025 - “A vida é sempre um bem” (Evangelium vitae, 31) e como tal deve ser apresentada, preservada e valorizada em todas as circunstâncias”.São as palavras do cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, na introdução do subsídio, intitulado A Vida é sempre um bem. Iniciar processos para uma Pastoral da Vida humana, lançado hoje na ocasiãoo dos trinta anos da Encíclica Evangelium vitae.

Na Apresentação, o cardeal Kevin Farrell escreve: « Nesta época de gravíssimas violações da dignidade do ser humano, em muitos países atormentados por guerras e todo tipo de violência (especialmente contra mulheres, crianças – antes e depois do nascimento –, adolescentes, pessoas com deficiência, idosos, pobres, migrantes) é preciso dar forma a uma verdadeira Pastoral da Vida Humana, a fim de colocar em prática o que também foi reiterado pela recente declaração Dignitas infinita do Dicastério para a Doutrina da Fé: “Uma dignidade infinita, inalienavelmente fundada no seu próprio ser, é inerente a cada pessoa humana, para além de toda circunstância e em qualquer estado ou situação se encontre.” (nº 1). Por isso, a vida de cada homem e cada mulher deve ser sempre respeitada, preservada e defendida. Este princípio, que é reconhecível também pela pura razão, deve ser colocado em prática em todos os países, em todas as aldeias, em todas as casas ».

O subsídio é fruto de um diálogo constante com os bispos: “Os principais destinatários deste subsídio pastoral são os bispos, que, nas frequentes Visitas ad limina à Santa Sé, sempre reafirmaram a urgência de um impulso para proteger e promover a vida e a dignidade de cada pessoa humana”, comentou Mons. Dario Gervasi, Secretário Adjunto do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. Em um webinar organizado pelo Dicastério em 2024 com os responsáveis pelos departamentos para a Família e a Vida das conferências episcopais do mundo inteiro, teve início um processo comum de desenvolvimento da pastoral da vida humana, à luz dos recentes impulsos dados pelo documento Dignitas infinita.

A serviço desse processo, o subsídio apresenta uma proposta que sugere, ainda, como aplicar o método sinodal do discernimento no Espírito aos numerosos temas relacionados à vida humana e às formas de protegê-la, promovê-la e defendê-la nos diversos contextos geográficos e culturais. “Por meio de um diálogo comum”, continua Dom Gervasi, “queremos apoiar o caminho de cada diocese para poder investir os recursos necessários numa formação mais eficaz dos leigos e aumentar a conscientização das novas gerações para o valor da vida humana.”

O volume, publicado hoje, está disponível gratuitamente no site do Dicastério e propõe um método atualizado para animar a pastoral da vida de maneira abrangente nas diversas dioceses do mundo. Para tanto, o Dicastério deseja que cada bispo, sacerdote, religioso, religiosa e leigo leia o subsídio e se empenhe no desenvolvimento de uma Pastoral da Vida humana orgânica e estruturada, capaz de formar adequadamente agentes pastorais, educadores, professores, pais, jovens e crianças para o respeito ao valor de toda a vida humana.

Pode fazer o download do texto aqui

PEREGRINAÇÃO DIOCESANA A FÁTIMA 2025

VIGARARIA DA MARINHA GRANDE

05 de abril de 2025

 

Este ano a peregrinação Diocesana ao Santuário de Fátima vai realizar-se com programa e dia diferentes. Será no sábado, dia 5 de abril, à tarde: 14.00h – Na Capelinha, Acolhimento e recitação do Rosário; 15.15h – Centro Pastoral Paulo VI, Festa da Esperança; 16.45h – Basílica da Santíssima Trindade, Missa. (ver cartaz)

Na nossa vigararia da Marinha Grande propomos a peregrinação a Pé, todos juntos até ao Santuário. Faremos só uma parte do caminho (cerca de 7km) a partir do adro da igreja do lugar do Casal dos Lobos, freguesia de S. Mamede. Devemos concentrar-nos neste local pelas 9.45h e iniciaremos a peregrinação a pé pelas 10.00h devidamente organizados e todos juntos.

Somos convidados a partilhar o almoço e o respetivo convívio num espaço que foi reservado para esse efeito só para a nossa vigararia. É um terreno na rua Imaculado Coração de Maria, perto da casa dos Carmelitas e podemos estacionar os carros nos parques 2 e 3 do Santuário que ficam perto, bem como utilizar os wc’s destes mesmos parques.

Para o almoço a organização preparará e fornecerá uma sopa e pernil de no espeto (cada um contribuirá com o que entender para as despesas). Para proporcionar a partilha e são convívio entre todos, convida-se cada pessoa ou família a levar um entrada ou uma sobremesa e as respetivas bebidas. Estas devem ser entregues ou antes do início da caminhada a pé no Casal dos Lobos a pessoas da organização da respetiva paróquia ou no local do almoço para quem for diretamente só para este.

No sentido de se poder organizar tudo para esta peregrinação a pé e para o almoço convívio, é necessário que que individualmente, em famílias ou grupos se inscrevam da seguinte forma: Ou a partir do código QR aqui apresentado ou junto dos elementos das comissões das igrejas e capelas.

As inscrições devem ser feitas no máximo até ao dia 1 de abril às 18.00h.

Mensagem do Senhor Bispo para a Quaresma 2025

Converter-se em esperança

A Igreja vive esta Quaresma no contexto da celebração do Ano Santo ou Ano jubilar, que celebra, a cada 25 anos, o nascimento de Jesus, motivo da nossa alegria, da nossa fé e da nossa esperança. Na Bula que convoca o Ano Jubilar, o Papa Francisco convida-nos a viver como “Peregrinos da Esperança”, que tem a sua origem em sermos discípulos e discípulas do Senhor Jesus, pelo Espírito que recebemos no batismo e nos acompanha ao longo da vida.

No tempo confuso em que vivemos, marcado pela desinformação e manipulação, por conflitos e guerras, incerteza e desorientação, este fundamento da esperança mobilizadora de compromisso ativo deve marcar o tempo quaresmal. A esperança que não desilude vem da consciência vivida da presença do Senhor Jesus que acompanha a Sua Igreja e caminha com cada um de nós, com as nossas famílias e com toda a Igreja. A vida em esperança consolida-se com a abertura à presença do Espírito, através da oração, da escuta/leitura da Palavra de Deus, da participação mais frequente na vida das nossas comunidades paroquiais e diocesana e, sobretudo, na sensibilidade para com aqueles que têm maiores dificuldades em esperar, por razões económicas e de saúde, isolamento, injustiça e exclusão.

A esperança não se constrói sentados no comodismo individualista; exige esforço e abertura a novas relações e parcerias fraternas e misericordiosas, como diz o Papa Francisco, na sua mensagem de Quaresma: “Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários. O Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos”. É, deste modo sinodal, que o tempo de Quaresma pode transformar-nos em sinal e razão de esperança para os que mais dela precisam.

No meio das incertezas, sofrimentos e dúvidas, surgem também muitos sinais de esperança. Cito apenas alguns, no interior da nossa Igreja diocesana:

●      Os 15 catecúmenos acolhidos – uns oriundos do nosso meio, outros de diferentes países e culturas – que se preparam para receber o batismo na Páscoa. No domingo passado foram recebidos na Sé, assinalados com a cruz salvadora de Jesus e introduzidos na profissão da fé, pelo credo que nos une em Igreja. É um sinal e apelo da Igreja que continua a ser missionária e fundamento de esperança.

●      Os 18 candidatos ao Diaconado Permanente na nossa Diocese, que iniciaram este caminho com o apoio das suas esposas e famílias, como sinal esperançoso de uma Igreja que quer continuar ativamente no caminho do serviço e do anúncio do Evangelho. Em ligação com o precioso ministério do Bispo e dos Presbíteros, os Diáconos Permanentes serão um valioso elemento para a vida e a missão da nossa Diocese.

●      Centenas de irmãs e irmãos que estão sensíveis e compassivamente ativos na catequese, na liturgia, nos Conselhos paroquiais e diocesanos, bem como na Cáritas, nos Centros Sociais Paroquiais e em tantas outras organizações da Igreja e civis, como proximidade fraterna aos que sofrem a pobreza, o isolamento e a exclusão, continuando os gestos de misericórdia e de compaixão do Senhor Jesus.

●      Sinais especiais de esperança são os catequistas, dirigentes e acompanhantes dos milhares de crianças, adolescentes e jovens, em movimentos como o Escutismo – a celebrar 100 anos de presença na nossa diocese – a catequese, os movimentos juvenis, universitários e vocacionais, este ano com presença de religiosos em 20 escolas com o projeto “Sonhar com Deus”, numa ação conjunta do Seminário Diocesano, do Serviço Diocesano de Pastoral nas Escolas e seus professores e dos Institutos de Animação Missionária.

●      Sinal de esperança para a Igreja e o mundo é o Papa Francisco, nos doze anos do seu ministério petrino na Igreja, na aceitação da sua enfermidade, com coerência crente de dedicação e serviço e sobretudo de sólida esperança n’Aquele que passou pelo sofrimento e a morte, mas ressuscitou e vive para sempre.

●      Sinal especial de esperança é o início das Unidades Pastorais na nossa Diocese, que procuram criar espaços de partilha fraterna de paróquias, para a conversão pastoral da nossa Diocese. Como tantos dos outros sinais, trata-se apenas de um caminho inicial e de um desafio de participação ativa, corresponsável e sinodal, envolvendo os diversos carismas e serviços na vida das comunidades em ordem ao crescimento da vida e da missão da Igreja.

Cada um destes e de tantos outros sinais de esperança representa também um desafio a cada membro da nossa Igreja diocesana: Bispo, Presbíteros, religiosos e religiosas, leigos e leigas. Neste tempo de Quaresma, que o exemplo destes irmãos e irmãs desperte no coração de todos os batizados o mesmo generoso propósito de participar, em espírito de comunhão, serviço e missão, no caminho de conversão sinodal que o Espírito está a propor a toda a Igreja pela boca do Papa Francisco.

A peregrinação Diocesana a Fátima, este ano fixada para sábado, 5 de abril, tem sempre um caráter de caminho de conversão. Que todos os que podem participem pessoalmente nesta peregrinação diocesana da Esperança, no Ano Santo jubilar que estamos a celebrar. Unamo-nos à oração da Virgem Maria, que se manifestou aos pastorinhos nesta nossa terra, e peçamos que saibamos dizer sim, como ela, ao convite de Deus para tornar Cristo presente neste nosso mundo. Caminhemos, como verdadeiros filhos e filhas, ao ritmo do seu coração materno, que acompanhou os discípulos nos caminhos da primeira missão.

Um sinal de conversão quaresmal é a partilha dos dons que recebemos de Deus para atender quem mais precisa. Na nossa Diocese de Leiria-Fátima, costumamos partilhar o produto destas ofertas quaresmais, em favor de necessidades no interior da nossa Diocese e de outras situações particularmente carenciadas, na Igreja e no mundo. Este ano serão para os seguintes destinos:

a) Para acudir às vítimas do terrorismo e dos desastres naturais na Diocese de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Esta situação aflitiva tem causado muitos mortos e feridos, rapto de milhares de pessoas, especialmente jovens, destruição de igrejas e casas e centenas de milhares de refugiados.

b) Para apoio ao projeto “Ondjoyetu” da nossa Igreja de Leiria-Fátima que, desde há muitos anos, desenvolve uma parceria fraterna com a Diocese do Sumbe, em Angola, onde se encontra o nosso Padre David Nogueira Ferreira e que tem contado com a generosa participação de muitos leigos das duas dioceses.

Que o Senhor abençoe o caminho quaresmal da nossa Igreja de Leiria-Fátima e nos converta em esperança, na sua Igreja e no anúncio da alegria do Evangelho.

                                                                                + José Ornelas Carvalho

                                                                                 Bispo de Leiria-Fátima

Caminhemos juntos na esperança

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2025

Queridos irmãos e irmãs!

Com o sinal penitencial das cinzas sobre as nossas cabeças, iniciamos na fé e na esperança a peregrinação anual da Santa Quaresma. A Igreja, mãe e mestra, convida-nos a preparar os nossos corações e a abrir-nos à graça de Deus para podermos celebrar com grande alegria o triunfo pascal de Cristo, o Senhor, sobre o pecado e a morte, como exclamava São Paulo: «A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» ( 1Cor 15, 54-55). Realmente, Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é o centro da nossa fé e a garantia da nossa esperança na grande promessa do Pai, já realizada n’Ele, Seu Filho amado: a vida eterna (cf. Jo 10, 28; 17, 3) [1].

Nesta Quaresma, enriquecida pela graça do Ano Jubilar, gostaria de oferecer algumas reflexões sobre o que significa caminhar juntos na esperança e evidenciar os apelos à conversão que a misericórdia de Deus dirige a todos nós, enquanto indivíduos e comunidades.

Antes de tudo, caminhar. O lema do Jubileu – “Peregrinos de Esperança” – traz à mente a longa travessia do povo de Israel em direção à Terra Prometida, narrada no livro do Êxodo: a difícil passagem da escravidão para a liberdade, desejada e guiada pelo Senhor, que ama o seu povo e sempre lhe é fiel. E não podemos recordar o êxodo bíblico sem pensar em tantos irmãos e irmãs que, hoje, fogem de situações de miséria e violência e vão à procura de uma vida melhor para si e para seus entes queridos. Aqui, surge um primeiro apelo à conversão, porque todos nós somos peregrinos na vida, mas cada um pode perguntar-se: como me deixo interpelar por esta condição? Estou realmente a caminho ou estou paralisado, estático, com medo e sem esperança, acomodado na minha zona de conforto? Busco caminhos de libertação das situações de pecado e falta de dignidade? Seria um bom exercício quaresmal confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai. Esse é um bom “exame” para o viandante.

Em segundo lugar, façamos esta viagem juntos. Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja [2]. Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários. O Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos [3]. Caminhar juntos significa ser tecelões de unidade, partindo da nossa dignidade comum de filhos de Deus (cf. Gl 3, 26-28); significa caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído. Sigamos na mesma direção, rumo a uma única meta, ouvindo-nos uns aos outros com amor e paciência.

Nesta Quaresma, Deus pede-nos que verifiquemos se nas nossas vidas e famílias, nos locais onde trabalhamos, nas comunidades paroquiais ou religiosas, somos capazes de caminhar com os outros, de ouvir, de vencer a tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e de olharmos apenas para as nossas próprias necessidades. Perguntemo-nos diante do Senhor se somos capazes de trabalhar juntos ao serviço do Reino de Deus, como bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos; se, com gestos concretos, temos uma atitude acolhedora em relação àqueles que se aproximam de nós e a quantos se encontram distantes; se fazemos com que as pessoas se sintam parte da comunidade ou se as mantemos à margem [4]. Este é o segundo apelo: a conversão à sinodalidade.

Em terceiro lugar, façamos este caminho juntos na esperança de uma promessa. A esperança que não engana (cf. Rm 5, 5), mensagem central do Jubileu [5], seja para nós o horizonte do caminho quaresmal rumo à vitória pascal. Como o Papa Bento XVInos ensinou na Encíclica Spe salvi, «o ser humano necessita do amor incondicionado. Precisa daquela certeza que o faz exclamar: “Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” ( Rm 8, 38-39)» [6]. Jesus, nosso amor e nossa esperança, ressuscitou [7] e, vivo, reina glorioso. A morte foi transformada em vitória e aqui reside a fé e a grande esperança dos cristãos: na ressurreição de Cristo!

Eis o terceiro apelo à conversão: o da esperança, da confiança em Deus e na sua grande promessa, a vida eterna. Devemos perguntar-nos: estou convicto de que Deus me perdoa os pecados? Ou comporto-me como se me pudesse salvar sozinho? Aspiro à salvação e peço a ajuda de Deus para a receber? Vivo concretamente a esperança que me ajuda a ler os acontecimentos da história e me impele a um compromisso com a justiça, a fraternidade, o cuidado da casa comum, garantindo que ninguém seja deixado para trás?

Irmãs e irmãos, graças ao amor de Deus em Jesus Cristo, somos conservados na esperança que não engana (cf. Rm 5, 5). A esperança é “a âncora da alma”, inabalável e segura [8]. Nela, a Igreja reza para que «todos os homens sejam salvos» ( 1Tm 2, 4) e ela própria anseia estar na glória do céu, unida a Cristo, seu esposo. Santa Teresa de Jesus expressou isso da seguinte forma: «Espera, espera, que não sabes quando virá o dia nem a hora. Vela com cuidado, que tudo passa com brevidade, embora o teu desejo faça o certo duvidoso e longo o tempo breve» ( Exclamações, XV, 3) [9].

Que a Virgem Maria, Mãe da Esperança, interceda por nós e nos acompanhe no caminho quaresmal.

Roma, São João de Latrão,
na Memória dos Santos mártires Paulo Miki e companheiros,
6 de fevereiro de 2025.

                                                                                FRANCISCO

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA O XXXIII DIA MUNDIAL DO DOENTE

«A esperança não engana» (Rm 5, 5) 
e fortalece-nos nas tribulações

Queridos irmãos e irmãs!

Estamos a celebrar o XXXIII Dia Mundial do Doente no Ano Jubilar de 2025, durante o qual a Igreja convida a tornarmo-nos “peregrinos de esperança”. Nisto, somos acompanhados pela Palavra de Deus que, através de São Paulo, nos transmite uma mensagem de grande encorajamento: «A esperança não engana» (Rm 5, 5), aliás, fortalece-nos nas tribulações.

São expressões reconfortantes, mas que podem levantar algumas questões, sobretudo em quem sofre. Por exemplo: como é que nos mantemos fortes quando somos feridos na carne por doenças graves, que nos incapacitam, que talvez exijam tratamentos cujos custos vão para além das nossas possibilidades? Como fazê-lo quando, não obstante o nosso próprio sofrimento, vemos o daqueles que nos amam e que, embora próximos de nós, se sentem impotentes para nos ajudar? Em todas estas circunstâncias, sentimos a necessidade de um apoio maior do que nós: precisamos da ajuda de Deus, da sua graça, da sua Providência, daquela força que é dom do seu Espírito (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1808).

Detenhamo-nos, pois, por momentos, a refletir sobre a presença de Deus junto dos que sofrem, particularmente nos três aspetos que a caracterizam: o encontro, o dom e a partilha.

1. O encontro. Quando Jesus envia os setenta e dois discípulos em missão (cf. Lc 10, 1-9), exorta-os a dizer aos doentes: «O Reino de Deus já está próximo de vós» (v. 9). Ou seja, pede-lhes que os ajudem a aproveitar a oportunidade de encontro com o Senhor, mesmo na doença, por muito que seja dolorosa e difícil de compreender. Com efeito, no momento da doença, se por um lado sentimos toda a nossa fragilidade – física, psíquica e espiritual – de criaturas, por outro lado experimentamos a proximidade e a compaixão de Deus, que em Jesus participou do nosso sofrimento. Ele não nos abandona e, muitas vezes, surpreende com o dom de uma tenacidade que nunca pensámos possuir e que, sozinhos, não teríamos encontrado.

A doença torna-se então a oportunidade para um encontro que nos transforma, a descoberta de uma rocha firme na qual descobrimos que podemos ancorar-nos para enfrentar as tempestades da vida: uma experiência que, mesmo no sacrifício, nos torna mais fortes, porque mais conscientes de não estarmos sós. Por isso se diz que a dor traz sempre consigo um mistério de salvação, porque nos faz experimentar, de forma próxima e real, a consolação que vem de Deus, a ponto de «conhecer a plenitude do Evangelho com todas as suas promessas e a sua vida» (São João Paulo II, Discurso aos jovens, Nova Orleães, 12 de setembro de 1987).

2. E isto leva-nos ao segundo ponto de reflexão: o dom. Efetivamente, em nenhuma outra ocasião como no sofrimento, nos damos conta que toda a esperança vem do Senhor e que, assim sendo, é antes de mais um dom a acolher e a cultivar, permanecendo «fiéis à fidelidade de Deus», segundo a linda expressão de Madeleine Delbrêl (cf. A esperança é uma luz na noite, Cidade do Vaticano 2024, Prefácio).

Além disso, só na ressurreição de Cristo é que cada um dos nossos destinos encontra o seu lugar no horizonte infinito da eternidade. Só da sua Páscoa nos vem a certeza de que nada, «nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus» (Rm 8, 38-39). E desta “grande esperança” derivam todos os outros raios de luz com que se podem ultrapassar as provações e os obstáculos da vida (cf. Bento XVI, Carta enc. Spe salvi, 27.31). E não apenas isso, porque o Ressuscitado também caminha connosco, fazendo-se nosso companheiro de viagem, como aconteceu com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-53). À semelhança destes, também nós podemos partilhar com Ele as nossas perturbações, preocupações e desilusões, podemos escutar a sua Palavra que nos ilumina e faz arder o coração, e reconhecê-Lo presente ao partir o Pão, recolhendo do seu estar connosco, apesar dos limites do tempo presente, aquele “mais além” que, ao aproximar-se, nos restitui a coragem e a confiança.

3. E assim chegamos ao terceiro aspeto, o da partilha. Os lugares onde se sofre são frequentemente espaços de partilha, nos quais nos enriquecemos uns aos outros. Quantas vezes se aprende a esperar à cabeceira de um doente! Quantas vezes se aprende a crer ao lado de quem sofre! Quantas vezes descobrimos o amor inclinando-nos sobre quem tem necessidades! Ou seja, apercebemo-nos de que todos juntos somos “anjos” de esperança, mensageiros de Deus, uns para os outros: doentes, médicos, enfermeiros, familiares, amigos, sacerdotes, religiosos e religiosas. E isto, onde quer que estejamos: nas famílias, nos ambulatórios, nas unidades de cuidados, nos hospitais e nas clínicas.

É importante saber captar a beleza e o alcance destes encontros de graça, e aprender a anotá-los na alma para não os esquecermos: guardar no coração o sorriso amável de um profissional de saúde, o olhar agradecido e confiante de um doente, o rosto compreensivo e atencioso de um médico ou de um voluntário, o rosto expetante e trepidante de um cônjuge, de um filho, de um neto, de um querido amigo. Todos eles são raios de luz que é preciso valorizar e que, mesmo durante a escuridão das provações, não só dão força, mas dão o verdadeiro sabor da vida, no amor e na proximidade (cf. Lc 10, 25-37).

Queridos doentes, queridos irmãos e irmãs que cuidais de quem sofre, neste Jubileu, mais do que nunca, vós desempenhais um papel especial. Na verdade, o vosso caminhar juntos é um sinal para todos, «um hino à dignidade humana, um canto de esperança» (Bula Spes non confundit, 11), cuja voz vai muito além dos quartos e das camas dos lugares de assistência em que vos encontrais, estimulando e encorajando na caridade «a sincronização de toda a sociedade» (ibid.), numa harmonia por vezes difícil de alcançar, mas por isso mesmo dulcíssima e forte, capaz de levar luz e calor aonde é mais necessário.

Toda a Igreja vos agradece por isso! Também eu o faço e rezo por vós, confiando-vos a Maria, Saúde dos Enfermos, através das palavras com que tantos irmãos e irmãs, nas suas necessidades, se dirigiram a Ela:

À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades,
mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.

A todos vós, juntamente com as vossas famílias e entes queridos, vos abençoo e peço, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim.

Roma – São João de Latrão, 14 de janeiro de 2025

FRANCISCO

Mensagem da Comissão Episcopal do Laicado e Família para o Dia dos Namorados

A capacidade de amar é um dom de Deus

14 de fevereiro de 2025

Há dias fixos no calendário para comemorar acontecimentos históricos de elevada importância para a comunidade e há dias fixos para salientar valores humanos importantes para o bem de todos. O Dia dos Namorados, 14 de fevereiro, é oportunidade para uma breve reflexão sobre o que se entende por ‘namoro’ e que valor existe ou deve existir nessa experiência de vida.

Na versão mais tradicional, por ‘namorados’ entende-se um casal de jovens, um rapaz e uma rapariga, que se acompanham por encantamento, para se conhecerem melhor, tendo como possibilidade e objetivo a celebração do matrimónio (casamento). Porém, os comportamentos humanos alteram-se de acordo com um novo quadro de valores ou a falta deles e, nesta situação, a palavra ‘namorados’ já se utiliza nas situações mais diversas, seja entre crianças, idosos, pessoas de género diferenciado e do mesmo género. Também é utilizada por pessoas que resolveram viver maritalmente, sem a celebração do casamento. Enfim, ‘namorados’ é uma palavra utilizada para traduzir relacionamentos humanos em contextos muito diferentes, perdendo o significado de pessoas com um relacionamento com projeto. Na linguagem corrente, ‘namorados’ são pessoas com relacionamento afetivo diverso sem necessidade de qualquer vínculo ou projeto.

‘Namorados’ é uma palavra que tem dentro de si o amor, e o amor é mistério, não se explica, vive-se como um dom e traduz-se por gestos, sinais, atenções e doação de vida. O amor ou existe ou não existe, não se compra em parte alguma nem se fabrica, e pode gerar muito sofrimento quando é correspondido por um falso amor.

Existem ‘namoros’ falsos ou vazios porque não têm o mistério do amor como conteúdo. Há ‘namoros’ que são uma sedução para levar à escravatura, afirmações de poder com objetivos de falsa grandeza pessoal. Entretanto, progressivamente, foi aumentando uma cultura de violência. Há uma contradição inaceitável em alguns jovens namorados que aceitem a violência no seu relacionamento como um dado cultural próprio da atualidade.

Ao contrário do que se diz popularmente, o Amor não tem de ser cego, necessita de vigilância e sabedoria para traduzir a verdadeira vocação humana. Como ensina a Igreja, “Deus, que criou o homem por amor, também o chamou ao amor, vocação fundamental e inata de todo o ser humano. Porque o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus que é Amor, tendo-os Deus criado o homem e a mulher, o amor mútuo dos dois torna-se imagem do amor absoluto e indefetível com que Deus ama o homem. É bom, muito bom, aos olhos do Criador este amor, que Deus abençoa e que é destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum do cuidado da Criação” (CIC 1604).

A capacidade de amar é um dom de Deus no coração humano que cresce, amadurece e nos torna sempre mais semelhantes ao Criador. Este dom tem de ser traduzido em ensinamento e sabedoria vigilante para que se torne parte do todo da pessoa humana e não um apêndice. Num tempo marcado pelo domínio da economia e da tecnologia, o Amor é desvalorizado e, portanto, não admira que tenhamos um mundo cada vez mais violento, governado por pessoas violentas onde não se reconhece a compaixão pela pessoa humana. Como escreveu o Papa Francisco: “Na sociedade atual falta o coração”.

Aos namorados de todas as idades fica o desafio de levar a sério o Amor como o grande dom que Deus a todos concedeu. Amor que faz alargar a morada interior e dá sentido a grandes opções. Amor que vence a solidão cresce, se for verdadeiro e fiel, e inspira aventuras grandes, confiantes e com esperança.