A luz e esperança que brotam da rocha
30 novembro 2025
Cada presépio é uma manjedoura. Presépio vem de praesepium, palavra latina para manjedoura. Esta bela tradição acompanha as nossas vidas nesta época do ano: nas casas, no trabalho, nas cidades, nos hospitais, nos lares, nas lojas, nas prisões, nas igrejas. São obras-primas de beleza em miniatura, diz o Papa Francisco, num exercício de imaginação criativa, que nos convida a fazer parte da história da salvação.
O primeiro foi Francisco de Assis que o montou, inspirado pelas grutas de Greccio. Entre o céu estrelado e aqueles buracos na terra, foi invadido pelo desejo de ver os incómodos pelos quais passou Deus para nos mostrar a salvação, como bebé deitado em palhas, entre um burro e uma vaca. Nessa primeira noite não havia figuras, somente pessoas, com flores e tochas nas mãos, invadidos por uma grande alegria.
Que noite deverá ter sido! Sob o céu estrelado, no silêncio da noite, uma discreta festa ganha proporções de universo, como a pequena luz num pavio virgem de uma vela parece esmorecer antes de refulgir com vigor.
Vezes sem conta a noite envolve a nossa vida. Tal não é ausência de Deus. Ele faz-Se presente furando o teto de escuridão que nos envolve. Mas encontramo-nos a olhar para o chão, e não para o alto. Encontra-nos a olhar para a ponta do sapato, a lamentar-nos fechados na rocha.
Jesus nasce de Maria, mas onde nasce Jesus? Francisco de Assis escolheu a tradição da gruta e gosto dessa imagem: do ínfimo da Criação, do silêncio, da rude e áspera rocha, pedra, brota a luz e a esperança. Mas nem sempre conseguimos encontrar esse lugar em nós, lugar interior, onde tal vai acontecer. Olhemos então o céu e deixemo-nos guiar: que luzes rompem a escuridão? Que memórias tenho da minha vida de gestos de luz? Que gestos de bondade rompem o pesado silêncio da solidão e me abrem ao fecundo silêncio acompanhado do Jesus que se revela.
Que o Deus-Menino nasça nos nossos corações.
P. Nelson Faria, sj
Editor Geral do Ponto SJ

