Enriquecemos os nossos presépios com personagens que não estão no relato. Pessoas de trabalhos humildes, como padeiros, ferreiros, a aguadeira, mas também músicos e outros personagens, às vezes contemporâneos. E acrescentamos lagos e colinas, casas, colocamos musgo. Chamamos toda a realidade ao Presépio, com coração de crianças. Sem grande consciência, fazemos com que a Criação inteira participe no hino de louvor ao Deus que vem ao nosso encontro.
O Papa Francisco considera bela a forma como colocamos pessoas que não conhecem outra abundância que não seja a do coração a caminho daquele berço improvisado. Deus encarna para os mais carentes de amor e faz-se próximo. Nasce pobre, leva uma vida simples, para nos ensinar a viver centrados no essencial: o cuidado do outro. É um alerta para que não nos deixemos enganar por palácios e outras riquezas aparentes, que não passam de efémeras propostas de felicidade.
Lugar de destaque, porque estão no evangelho, têm os pastores, que em Lucas partem apressadamente (como Maria) rumo à manjedoura para “ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer”. Ao chegar lá, contam a Maria. E partem dando graças. Toda a sua vida é anúncio!
Eles estão no meio da sua tarefa de apascentar e, se partem apressadamente, deixaram tudo para trás. Ao contrário da gente ocupada, os pastores vão ao encontro do Deus que vem ao nosso encontro. Só os humildes e que se sabem pobres sabem acolher a Encarnação, pois são os que deixam tudo para ir ter com o Senhor.
Que o Deus-Menino nasça nos nossos corações.
P. Nelson Faria, sj
Editor Geral do Ponto SJ

