Catequese Quaresmal - Penitência

(Breves apontamento da Catequese do dia 09 de Abril)

Ide aprender o que significa: «Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.» Mt 9, 13

 «Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.» Os 6, 6

 A Penitência leva à conversão, ou melhor, faz parte da conversão.

 Por isso mesmo, e porque a conversão começa no nosso interior, não se limita a aparências externas, é que a penitência também deve começar no nosso interior, embora depois tenha ou possa ter actos e gestos exteriores.

 Isso mesmo nos diz o Catecismo:
«Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores, «o saco e a cinza», os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior: Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras; pelo contrário, a conversão interior impele à expressão dessa atitude com sinais visíveis, gestos e obras de penitência.»

 

E depois afirma ainda

«A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um regresso, uma conversão a Deus de todo o nosso coração, uma rotura com o pecado, uma aversão ao mal, com repugnância pelas más acções que cometemos. Ao mesmo tempo, implica o desejo e o propósito de mudar de vida, com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda da sua graça. Esta conversão do coração é acompanhada por uma dor e uma tristeza salutares, a que os Santos Padres chamaram animi cruciatus (aflição do espírito), compunctio cordis (compunção do coração)».

 A conversão nasce do coração, mas não fica encerrada no interior do homem, e sim frutifica em obras exteriores, envolvendo a pessoa inteira, corpo e alma.

 O Senhor chama-nos, então, na Quaresma, mas também sempre, para que nos aproximemos d'Ele.

Quando nos aproximamos d’Ele somos colocados perante as nossas faltas, os nossos erros, (aproximamo-nos da Luz e por isso vemos mais claramente o que está mal em nós), mas isso não é para Ele nos condenar, mas antes pelo contrário, nos salvar, mostrando-nos o que precisamos mudar em nós.

 «A partir desse momento, Jesus começou a pregar, dizendo: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» Mt 4, 17

Podemos perfeitamente trocar o “convertei-vos” por “fazei penitência” que aliás está em algumas traduções.

 Arrependei-vos e acreditai no Evangelho «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.» Mc 1, 15

 Nínive – fazei penitência Jn 3

Catecismo:

A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. 

 A penitência exige de nós um bom exame de consciência, que verdadeiramente até nos serve, depois, para o Sacramento da Penitência ou Confissão.

 Procuramos assim, em oração, pedindo o discernimento do Espírito Santo, tudo aquilo que precisamos mudar e a melhor forma de o fazer.

 Então, obviamente, em primeiro lugar vem a oração quer nos liga a Deus e nos ajuda a encontrar o caminho de Sua vontade – Eucaristia, adoração ao Santíssimo “no sacrário” e  a oração perseverante.

 Depois procurarmos o que podemos fazer connosco e com os outros para mudarmos o que está mal em nós, mas dando testemunho silencioso com a nossa vida para que outros encontrem também o caminho da salvação.

Percebermos que a penitência não deve prejudicar-nos – não devemos cometer excessos, mas aquilo que realmente podemos fazer.

 Não querer fazer tudo, mas encontrar o que realmente me muda, me converte e de alguma forma pode ajudar o outro – a esmola.

Por exemplo com a nossa vida comprometer-nos a:
Fazer aquilo que temos de fazer sem preguiça nem deixar andar.
Cumprir o plano que traçámos para a nossa oração e leitura da Palavra
Usar então da máxima caridade para com os outros a começar em casa
Reagir com bom humor e paciência aos imponderáveis da vida
Não querer falar primeiro que os outros
Ser capaz de escutar até aqueles que são incómodos
Ouvir criticas e conselhos não os colocando logo de lado mas reflectindo sobre eles
Estar atento aos gestos de enfado
Estar atento à inveja que todos julgamos não ter mas ….
E, claro, controlar a comida, a bebida, enfim, os prazeres do mundo
Mansidão Aceitação Paciência Silêncio

Há uma outra palavra que é praticamente sinônimo de penitência: MORTIFICAÇÃO.

Não falamos, obviamente, de usar cilícios ou coisas parecidas, mas sim em “morrermos” para determinadas coisas que nos afastam de Deus.

Quanto nos mortificamos, fazemos morrer as nossas pequenas vontades, como uma espécie de “treinamento do espírito”. 

 

Fazer penitência é morrer um pouquinho a cada dia, por amor. 

 E assim, a cada pequena morte diária, mais damos espaço em nosso coração para que o Espírito Santo viva em nós, pois “é morrendo que se vive para a vida eterna”!

 A Penitência é um treino para a santidade.
A mortificação não é um fim, mas sim um meio de chegar à santidade.

 E depois, claro, o Sacramento da Penitência bem celebrado.
Lembremo-nos de uma das mensagens de Fátima:

“Penitência, penitência, penitência!”, pedia o anjo com voz forte, segurando uma espada de fogo na mão esquerda, com chamas que ameaçavam incendiar o mundo. Essa foi a visão dos Três Pastorinhos, o Terceiro Segredo de Fátima.

 

 Joaquim Mexia Alves