Recentemente no evento ENOVAR20 em que esteve presente uma representação bem grande da nossa paróquia, para além de muitas coisas importantes que foram ditas, uma delas chamou-me particularmente a atenção.
Nós usamos por vezes ou mesmo sempre, (quando se trata de ofertórios nas Missas, donativos ou angariações de fundos), a expressão “dar à Igreja”, como se estivéssemos a dar algo a uma entidade exterior a nós, ou para ajudar “uns coitados” que precisam de uns fundos!!!
Mas nós afirmamos, (ou devíamos a afirmar), que a Igreja somos nós, ou seja, aqueles que se reúnem em assembleia para rezar, louvar, adorar a Deus, seja de que maneira for, pela nossa oração individual, colectiva ou pela oração maior que é a Eucaristia, vulgarmente chamada Missa.
Então afinal nós estamos a dar a nós próprios, ou seja, estamos a arranjar os fundos necessários para que possamos viver a nossa fé em Igreja que, infelizmente como tudo no mundo, precisa de fundos financeiros para sobreviver e até ajudar outros que precisam.
Então a primeira coisa que me “salta à vista”, (a começar por mim), é que nós somos muito “avarentos” a dar a nós próprios!!!
Umas moeditas que trazemos no bolso, (nem podemos dar nada a ninguém no caminho senão ficamos sem os “tostões” para dar na Missa), enfim, verdadeiramente damos uma ínfima parte daquilo que temos e que devemos acreditar também é bênção de Deus que nos ajuda no trabalho do dia-a-dia.
É tempo de acabar com ideias erradas que ainda por aí circulam tais como, os ordenados dos sacerdotes são pagos pelo Estado, que a electricidade não é paga ou que a limpeza ou tudo o que necessário ao regular funcionamento de uma casa ou de uma estrutura como um escritório, (o Cartório, por exemplo), é gratuito não se percebendo muito bem então qual a entidade que suporta tudo isso, se não for a Igreja, neste caso a paróquia.
Queremos ter uma aparelhagem de som para podermos ouvir bem, iluminação na Igreja, flores, paramentos, alfaias litúrgicas, etc., etc., e não nos quedamos a pensar que é que paga tudo isso?
Não, não é o Santuário de Fátima, nem sequer a Diocese, (que aliás até precisa da ajuda das paróquias), nem é Deus Nosso Senhor que todos os meses no dia 31 deixa um envelope em cima do altar!!!!!
É verdadeiramente Deus Nosso Senhor que o faz, mas sempre por nosso intermédio, ou seja, com as posses de cada um, com aquilo que cada um generosamente dá.
E esta dar não pode, não deve ser, como que um “aliviar de consciência”, ou seja, dar uns cêntimos e “prontos” já cumpri a minha parte.
É como chegar à Missa até ao “fim da homilia” para cumprir preceito!
Reparemos todos que, (não tenho números que sustentem esta minha “afirmação”), a média que cada um dará nas Missas Dominicais, não ultrapassará seguramente os .50€ por pessoa.
Reparemos então que se aumentarmos para o dobro, ou seja 1.00€ essa dádiva, multiplicado por todos, dobra a “receita” semanal de que a paróquia tanto precisa?
E porque não, quando fazemos um bom negócio, uma boa venda, darmos uma parte maior à Igreja que somos nós, como agradecimento a Deus que guiando-nos nos ajuda no trabalho, no negócio?
No fundo aquilo que damos em Igreja, (tal como nos foi dito nesses dois dias e é verdade), são pequeníssimas sobras do que temos, como se déssemos a um convidado que vai lá a casa jantar as sobras do nosso almoço!?
E tenho a certeza que a paróquia com todo o gosto e transparência dará todos os anos conta do “recebido” e do “gasto” por forma simples que todos entendam, para que percebamos finalmente que não estamos a ajudar a Igreja, estamos a ajudar-nos enquanto Igreja que somos.
Poderemos num artigo posterior enumerar as diversas despesas da nossa ou de qualquer paróquia para que todos tenhamos verdadeira consciência daquilo que estamos a falar, mas para já, abramos o nosso coração, ( e a nossa carteira), e pensemos em dar um pouco mais a todos nós Igreja do tanto que Deus dá a cada um em cada dia.
Marinha Grande, 10 de Fevereiro de 2020
Joaquim Mexia Alves