Roma, a cidade eterna, vestiu-se de peregrina nos dias 26, 27 e 28 de setembro. O Jubileu dos Catequistas, integrado no Jubileu da Esperança, reuniu mais de 20 mil pessoas vindas de 115 países, num encontro de fé, comunhão e renovação da missão. Entre eles esteve um grupo de 50 catequistas da diocese de Leiria-Fátima, conduzido pelo padre José Henrique, diretor do Serviço Diocesano da Catequese, que organizou toda a peregrinação.
Desde a primeira Porta Santa aberta até ao último olhar lançado sobre as basílicas romanas, os catequistas viveram dias intensos, cheios de emoção, oração e partilha.
Primeiros passos de esperança
O sábado, 27 de setembro, amanheceu com cansaço acumulado da viagem noturna, mas também com uma energia contagiante. O grupo entrou pela Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maior, trazendo consigo o desejo de renovar a fé. Ali rezaram diante da relíquia do presépio e visitaram o túmulo do Papa Francisco, numa ligação direta entre a história viva da Igreja e o presente.
“Foi um momento que nunca esquecerei”, partilhou Mónica Costa, da paróquia da Barosa. “Na primeira Porta Santa senti literalmente que a mão de Jesus, posicionada na porta num sinal de acolhimento, me apoiava a cada passo da caminhada.”
As visitas seguintes — ao Coliseu, à igreja das correntes de São Pedro, ao Moisés de Miguel Ângelo — foram um mergulho nas raízes do cristianismo e da fé testemunhada em Roma. A cidade parecia sussurrar a cada esquina histórias de martírio e de coragem, entrelaçando-se com a vida de quem, hoje, continua a missão de anunciar o Evangelho.
A Praça de São Pedro como coração do mundo
Domingo, 28 de setembro, foi o ponto alto da peregrinação. Logo nas primeiras horas da manhã, a Praça de São Pedro foi-se enchendo de catequistas, famílias e peregrinos. Ali se celebrou a missa jubilar com o Papa Leão XIV.
Na homilia, o Santo Padre levantou a voz contra a indiferença:
“Às portas da opulência jaz hoje a miséria de povos inteiros, atormentados pela guerra e pela exploração. Parece que nada mudou com o passar dos séculos. Mas a esperança está viva, porque Cristo ressuscitou.”
Inspirando-se na parábola de Lázaro e do rico, o Papa alertou para as tentações da ganância e da indiferença e recordou que o Evangelho não é apenas para ser conhecido, mas amado. “Quando educamos na fé, não damos uma lição, mas plantamos no coração a palavra da vida, para que dê frutos de vida boa.”
As palavras ressoaram no coração nos peregrinos. Goreti Monteiro, da paróquia de Santa Eufémia, comentou: “Este Jubileu superou as minhas expectativas. Como catequista, sinto ainda mais a responsabilidade de corresponder com a minha vida a esta bela vocação.”
A missa teve ainda um momento simbólico: a instituição de 39 catequistas de 16 países, entre os quais duas portuguesas, Rita Santos e Elisabete Nunes. Receberam das mãos do Papa o crucifixo, sinal da sua missão. “Foi extraordinário ver o Papa confirmar o que nós vivemos todos os dias, nas nossas comunidades”, referiu Isabel Costa, catequista na Golpilheira.
Para Leonel Jorge, da paróquia de Amor, o impacto foi evidente: “Na praça, no meio da multidão, o silêncio diante do Papa marcou-me profundamente. São experiências de fé que não cabem em palavras, só se vivem.”
Assis, a serenidade do encontro
Na segunda-feira, o grupo partiu para Assis. As ruas medievais e os espaços de oração junto de Francisco, Clara e do jovem beato Carlo Acutis ofereceram um contraponto à intensidade de Roma. “Foi um encontro com a paz de quem se deixou transformar por Cristo”, disse o padre José Henrique.
Idalina, da Azoia, resumiu a experiência em poucas palavras: “Momentos inesquecíveis de crescimento na fé, de encontro, de encantamento.” Já Suzana Faria, de Santa Eufémia, destacou a simplicidade vivida em grupo: “Este Jubileu reforçou-me a ideia de que Jesus se revela nas pequenas coisas, na partilha uns com os outros.”
Ali houve também tempo para silêncio e partilha. “Foi tão maravilhoso estar em Assis”, confessou Maria do Carmo Marques, também de Santa Eufémia. “Saio daqui com vontade renovada de levar Jesus aos outros, não só com palavras, mas sobretudo com o exemplo.”
Portas que se abrem à missão
Na terça-feira, os catequistas regressaram a Roma para fechar a peregrinação com a passagem pelas Portas Santas de São João de Latrão e de São Paulo Fora de Muros. O silêncio das basílicas encheu-se de oração.
“Saio daqui grata por ter podido celebrar com catequistas de todo o mundo, mas também por este caminho interior de reconciliação e de esperança”, partilhou Dina Antunes, de Santa Eufémia.
Outros sentiram sobretudo o dom da comunhão. António Monteiro, da mesma paróquia, realçou: “Foi uma oportunidade extraordinária para nos conhecermos melhor como catequistas da Diocese, e viver este Jubileu ao lado do nosso pastor, o padre José Henrique. Estarmos unidos ao Papa e à Igreja universal dá-nos força para a missão”. Também para a Isabel, da Marinha Grande, “foi um privilégio fazer parte de um grupo alegre, feliz mas unido numa mesma missão e com vontade de servir nesta igreja de Jesus Cristo”.
Anabela Vieira, de Alburitel, resumiu a vivência: “Foram dias maravilhosos, repletos de companheirismo e partilha. Agora, com a fé renovada, a maior missão é levar Deus aos outros.”
Uma chama que regressa acesa
O regresso a Portugal trouxe fotografias, memórias e relíquias espirituais. Mas trouxe sobretudo uma chama viva. Para Valéria Carpalhoso, da Boavista, o Jubileu foi “uma viagem interior, um compromisso de renovar o dom do Espírito Santo”.
Natália Lourenço, da Urqueira, deixou a síntese em forma de promessa: “Levo comigo a determinação de semear mais fé, partilhar mais esperança e testemunhar o amor de Deus, não só como catequista, mas também como mãe.”
O padre José Henrique concluiu: “Roma foi para nós lugar de esperança, de misericórdia e de encontro. Agora cabe-nos levar essa chama para a missão diária, junto dos catequizandos e das suas famílias.”
O Jubileu dos Catequistas foi muito mais do que um evento. Para os 50 peregrinos de Leiria-Fátima, foi um caminho de fé que os transformou e que agora se prolonga nas comunidades. Porque, como disse o Papa Leão XIV, “o anúncio da fé não pode ser delegado a outros: acontece no lugar onde vivemos, em primeiro lugar nas nossas casas, à volta da mesa”.No fim, todos regressaram com a certeza de que a esperança celebrada em Roma não é apenas memória: é envio para, como dizia a Susana, da Amor, “semear melhor e dar frutos de Esperança”. “Agora, levar aos outros a nossa fé renovada é a nossa maior missão”, conclui Anabela Vieira, da paróquia de Alburitel.
Com padre José Henrique