VI Dia Mundial dos Pobres 2022

O Secretariado Diocesano da Catequese lança um desafio para este Dia Mundial dos Pobres, e aponta três objetivos principais:

  1. Fomentar a vivência do Dia Mundial dos Pobres com as crianças e adolescentes da catequese e as suas famílias;

  2. Promover a interação da catequese com os serviços caritativos locais

  3. Preparar a vivência da campanha para o tempo de Advento.

Para dar resposta a este desafio, no próximo fim de semana 12 e 13 de Novembro na nossa Paróquia teremos vários momentos de encontro com algumas instituições de solidariedade social.

Desejamos acolher e ouvir estas Instituições e convidá-los a encontrar-se com a comunidade, nomeadamente a catequese da adolescência e infância de cada centro de catequese, para uma pequena conversa onde de forma simples se podem apresentar e ao seu trabalho.

Desejamos que seja também oportunidade para fazer uma recolha de bens para as instituições especificas, mas sobretudo para suscitar a atenção e o desejo de colaborar activamente.

Assim teremos:

  • Casal do Malta dia 12/11 – 14h15;

  • Marinha Grande – dia 12/11 – 14h30 e 17h00

  • Picassinos – dia 13/11 – 10h30

Estes encontros são abertos a toda a comunidade!

EM IGREJA, HUMILDEMENTE

Seria muito mais fácil dizer que assim não pode ser, que é tudo uma vergonha e abandonar, sair, deixar de ser Igreja, do que humildemente envergonhar-me porque alguns (uma minoria) cometeram actos inomináveis, inclassificáveis, terríveis, de uma dimensão para além de toda a condenação, e manter-me firme percebendo que a Igreja não é do homem, mas de Deus, e que o homem é pecador e muitas vezes se deixa cair no mal.

E então não devo criticar, denunciar, fazer tudo para levar a julgamento aqueles que cometeram tais actos inclassificáveis e aqueles que os acobertaram, para que enfrentem as consequências dos seus actos?

Claro que sim que devem ser levados a julgamento, não só na justiça canónica, mas também na justiça civil, para sofrerem as consequências daquilo que fizeram conscientemente, porque tais actos não podem ser, de modo nenhum, classificados de inconscientes ou passíveis de alguma desculpa seja ela qual for.

E em primeiro lugar, nós Igreja, que nos envergonhamos de tais actos embora não cometidos por nós, devemos ter sempre presente nas nossas orações e preocupações as vítimas, não só na sua vida presente, mas também em tudo aquilo que marca definitiva e indelevelmente as suas vidas também no futuro.

Mas o nosso Deus é um Deus de misericórdia, que à nossa humanidade por vezes até nos parece “exagerada”, mas a verdade é que não há pecado que, perante o arrependimento sincero e propósito de emenda, não seja perdoado

Se assim não fosse não seria Deus, porque então o seu amor teria limites, o que a própria essência de Deus nega.

Devemos também, por isso, rezar pelos prevaricadores, para que tenham consciência dos actos praticados, deles se arrependam verdadeiramente, e se apresentem perante a justiça da Igreja e da sociedade civil, humildemente aceitando as penas a que forem condenados

Rezemos para que sejam eles mesmos a apresentar-se, acusando-se a si próprios, para que a Igreja que um dia disseram querer servir, em Deus, por Deus e com Deus, se continue a mostrar isenta de culpa, que realmente não lhe pertence

E nós Igreja viva, saibamos humildemente reconhecer que alguns que connosco eram Igreja, cometeram tais actos que nos envergonham, mas que sendo nós igreja, continuamos a acreditar e a viver a Fé na Santíssima Trindade, única razão de ser da igreja.

Com serenidade aceitemos até as recriminações e até os insultos que a nós, que nos mantemos fiéis a Cristo, poderão ser feitos, rezando por aqueles que os fazem e sabendo que Deus não faltará àqueles que nEle confiam e esperam.

De coração sangrando, mas cheio de compaixão, mostremos com o nosso testemunho verdadeiro, “que uma árvore não faz a floresta”, e que Deus é infinitamente maior do que o pecado de cada um.

Só em Deus, em Igreja, encontraremos razões e forças para ultrapassar estes terríveis tempos, e só em Deus, em Igreja, encontraremos a paz e a salvação prometidas em Jesus Cristo.

 

Marinha Grande, 18 de Outubro de 2022

Joaquim Mexia Alves, in https://queeaverdade.blogspot.com/2022/10/em-igreja-humildemente.html

A ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Escreve Santo Afonso Maria de Ligório: «A devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós».

Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica: «No Santíssimo Sacramento da Eucaristia estão «contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo e o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo completo». «Esta presença chama-se "real", não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem "reais", mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem».» 1374

São João Paulo II escreve na Carta Dominicae Cenae: «A Igreja e o mundo têm grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera por nós neste Sacramento do Amor. Não nos mostremos avaros com o nosso tempo para ir encontrar-nos com Ele na adoração, na contemplação cheia de fé e pronta para reparar as grandes culpas e os crimes do mundo. Não cesse nunca a nossa adoração.»

 E também na Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia: «É bom demorar-se com Ele e, inclinado sobre o seu peito como o discípulo predilecto (cf. Jo 13, 25), deixar-se tocar pelo amor infinito do seu coração. Se actualmente o cristianismo se deve caracterizar sobretudo pela «arte da oração», como não sentir de novo a necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação, apoio!», e ainda, «Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo, não pode deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico, no qual perduram e se multiplicam os frutos da comunhão do corpo e sangue do Senhor.» 

 Do ponto de vista dos frutos concretos da adoração permanente à Santíssima Eucaristia, o Pe. Patrício Hileman, impulsionador da importância das capelas de adoração perpétua na América Latina, afirma que, além da conversão de grande número de pessoas, “um dos grandes benefícios é a quantidade de vocações sacerdotais que surgem. Há três bispos no México que tinham os seminários fechados e quando começaram com cinco capelas dedicadas à adoração ao Santíssimo Sacramento nas paróquias das suas dioceses, eles foram reabertos. Em Ciudad Juárez – a cidade mais perigosa do mundo – fomos abrir uma capela para a adoração ao Santíssimo Sacramento, num período no qual morriam quarenta pessoas por dia. Depois de três meses da capela estar aberta, os padres do local informaram que mais ninguém havia morrido de forma violenta.” 

E nós, comunidade paroquial da Marinha Grande?

Quanto tempo do nosso dia ou da semana passamos em adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia?

Como é do conhecimento geral, a capela da Garcia está aberta todas as semanas, nas segunda e quinta feira, entre as 18:00 e as 20:00 horas, para adoração silenciosa ao Santíssimo Sacramento e infelizmente tem-se verificado uma muito fraca presença de pessoas nesses momentos.

Arranjamos tantas desculpas para não estarmos presente.

Mas realmente e normalmente são apenas desculpas, pois custa-nos sair do nosso conforto para estarmos um pouco com Jesus no Sacramento da Eucaristia.

Afinal, Ele “só” deu a vida por nós!!!

Joaquim M. Alves

PERDOAR E PEDIR PERDÃO 

Durante o fim de semana reflectimos e falámos, em Igreja, sobre o perdão e o perdoar a quem nos ofende.Fiquei a pensar nisso mesmo e percebi que falamos muito sobre perdoar quem nos ofende, (e ainda bem, graças a Deus), mas pouco falamos de pedir perdão a quem nós ofendemos, excepto quando nos referimos ao sacramento da Reconciliação e, claro, nesse caso é para pedir perdão a Deus pelas nossas ofensas.

Perguntei-me o que seria mais difícil: Perdoar ou pedir perdão? Assim de repente, para o meu orgulho, pareceu-me que será bem mais difícil pedir perdão do que perdoar.É que no fundo, e com toda a simplicidade, pedir perdão é reconhecer que errei, que ofendi o outro, enquanto perdoar é, digamos assim, reconhecer, sentir a falta do outro e perdoá-la.
Ora reconhecer os nossos erros, parece-me bem mais difícil do que reconhecer os erros dos outros, por isso também nesta semana ouvimos que «temos de tirar primeiro a trave dos nossos olhos antes de querermos tirar o argueiro dos olhos dos outros».
E isso é tão verdade, simplesmente falando, que nós tentamos sempre arranjar desculpas para as nossas faltas, as nossas ofensas, mas raramente procuramos desculpas para as faltas dos outros em relação a nós. E curiosamente, essas desculpas que tentamos arranjar para as nossas faltas, acabam por implicar sempre o outro, ou seja, o querer transformar o outro no “culpado” da nossa ofensa: Se ele não tivesse feito assim, eu não tinha feito aquilo!!!Faz lembrar a história do sacerdote que dizia a alguém que se confessava a ele: Bem, agora que já me contou os pecados dos outros, reconheça lá os seus!!! Pedir perdão é um “baixar a cabeça”, não como humilhação, mas como acto de humildade, como um acto de reconhecimento que fomos fracos e ofendemos, (ofender alguém é sempre, para mim, um acto de fraqueza da nossa parte), sem tentar arranjar desculpas para a nossa falta.

Mas, curiosamente, perdoar é também um “baixar a cabeça”, um acto de humildade, pois colocamo-nos ao “nível” de quem nos ofendeu, deixando o nosso orgulho de lado.E perdoar é sempre um acto de fortaleza, sobretudo nos dias de hoje em que se confunde perdoar com fraqueza perante os outros que nos ofenderam. Talvez seja confuso o que escrevo, (até porque não consigo exprimir escrevendo o que sinto), mas isso não me/nos deve impedir de reflectir que muitas vezes não reconhecemos as nossas faltas, desvalorizamo-las e por isso mesmo não pedimos perdão por elas, sobretudo aquelas que nos parecem mais pequenas, “sem importância”.Ora, penso eu, há-de ser muito difícil perdoar verdadeiramente se não somos capazes de pedir perdão, porque ao longo das nossas vidas somos muitas vezes ofendidos, mas também ofendemos muitas vezes.
É preciso, sobretudo, passar das palavras aos actos, ou seja, procurar no nosso íntimo a quem devemos perdoar e procurar quem ofendemos para pedir perdão pelas nossas ofensas.Só assim, arrisco a escrever, o perdão será completo. E depois pedir perdão a Deus e confiar que Ele nos dará sempre forças, (se quisermos ser sinceros no coração), para perdoar e pedir perdão. 

Festa da Exaltação da Santa CruzMarinha Grande,

14 de Setembro de 2020

Joaquim Mexia Alves

Quando sairmos de casa, que igreja queremos ser?

Um povo sacerdotal em tempos de isolamento

Nós não sabíamos que éramos um povo de sacerdotes. Quero dizer: nós conhecíamos a expressão, até a tínhamos lido numa qualquer carta de um qualquer discípulo de Jesus, talvez Pedro, e “povo sacerdotal” é expressão usada naquele cântico suficientemente antigo para ter passado pelos nossos ouvidos e os nossos lábios. Mas, no fundo, não sabíamos que éramos povo de sacerdotes.

De repente, um vírus desconhecido e invisível atirou-nos para dentro de casa. Fecharam as escolas e as universidades, fecharam os comércios e os restaurantes, fechou tudo o que não era indispensável para que a vida continuasse. No lote de coisas prescindíveis estavam as igrejas. E muito bem. Nós não sabíamos, mas a verdadeira igreja não está nas pedras de uma catedral, mas nas pedras vivas agora isoladas nas suas casas. As igrejas fecharam, mas a igreja continua aberta. As igrejas fecharam precisamente porque a igreja continua aberta e, na sua abertura, não podia senão assumir a responsabilidade que o tempo exige e manter a distância para o bem de todos. Nunca como hoje o isolamento foi tão sinal de comunhão. Fechar-se no seu casulo é, neste momento, o único sinal possível de abertura e respeito pelo irmão. Às vezes, o isolamento é comunhão.

Também nunca como hoje estivemos tão equipados para viver em isolamento. Sem sair das nossas quatro paredes, temos o mundo todo nas mãos. Nada do que se passa no globo nos é estranho, porque tudo recebemos à escala das dimensões de um ecrã. A escola toda parece caber no monitor de um computador. O trabalho parece fazer-se à distância de cliques e de chamadas telefónicas. E estou em crer que a maior tentação, para a igreja, esteja em achar também que tudo o que somos pode ser vivido à escala virtual das dimensões de um ecrã.

Talvez nos perguntemos para que serve uma igreja fechada em casa. Para que serve uma igreja que não se pode reunir para celebrar, para comungar o corpo de Cristo, para ouvir a proclamação da palavra, para ser educada na fé? Talvez nos perguntemos se uma igreja assim continua a ser sinal profético ou se não será antes sinal de medo e impotência. Talvez nos perguntemos se, quando sairmos de casa, ainda seremos igreja.

Nós não sabíamos, mas a nossa história começou aí, no lugar do isolamento, quando doze homens e uma mulher se fecharam do mundo em oração. Naquela sala, havia medo também e não foi o medo que impediu que o Espírito surgisse como o vendaval que haveria de transformar o mundo. Nós não sabíamos, mas foi de isolamento, até mesmo de um misto de receio e de esperança, de inquietação e de coragem, que se fez tantas vezes o lugar onde se disse a fé: numas catacumbas escavadas debaixo da cidade de Roma, em eremitérios longínquos no deserto, na solidão de corações incompreendidos em todos os tempos e em todos os lugares. Nós não sabíamos, mas ainda hoje é no isolamento que a fé se diz em tantas latitudes do nosso mundo, onde o padre não chega todos os anos, onde dizer-se cristão é condenar-se a uma minoria, quantas vezes perseguida, onde só no segredo de casa pode o nome de Cristo ser proclamado.

Mas, perguntemo-nos. Perguntemo-nos para que serve uma igreja assim fechada em casa?

Recordo-me de visitar em Paris, no cimo do monte da Basílica do Sacré Coeur, logo ao lado desse impressionante monumento nacional que é ponto alto de qualquer roteiro turístico, um pequeno e muito discreto convento de irmãs carmelitas, quase impercetível ao mundo que passa. Impressionou-me, nessa visita, que, no meio da cidade das luzes, no cimo do monte que tem uma das vistas panorâmicas mais deslumbrantes sobre a cidade de Paris, as irmãs tenham erguido muros altos que lhes impedem de ver outra coisa que não o céu e a cruz no cimo da torre da Basílica. Creio que aqueles muros são metáfora da vida cristã e talvez particularmente em tempos de isolamento: dizem-nos que é no segredo de uma vida focada em Deus, alimentada por esta relação, trabalhada na intimidade da oração, escutada e meditada no silêncio, que chegamos a ser íntimos do Deus incarnado. Independentemente de onde estamos, esta é a relação que alimenta todas as relações, tudo o que fazemos e somos.

Em tempos de isolamento, assistimos a uma proliferação de celebrações que cabem nas polegadas de um plasma. Inquieta-me esta celebração virtualizada que nos faz crer que há mais valor em assistir a uma missa celebrada numa igreja vazia do que em celebrar a fé com os que estão comigo, que eu posso abraçar, com quem posso partir o alimento da Palavra, e que são, também eles, sinal eficaz da comunhão dos irmãos e da presença de Deus. Bem sei que a transmissão televisiva de uma missa é, para muitos, o único sinal de comunhão que recebem, porque estão sós ou porque não podem ou não sabem celebrar de outra forma. Mas inquieta-me que a igreja fechada em casa não possa ou não saiba celebrar de outra forma. É talvez sinal de que nós não sabíamos que éramos um povo de sacerdotes.

Nós não sabíamos da presença real de Cristo na palavra que podemos partir e dar em sua memória. Nós não sabíamos da presença real de Cristo entre os que amamos e que podemos ainda abraçar como quem partilha a paz do Ressuscitado. Nós não nos recordávamos que o «sacrifício vivo, santo, agradável a Deus» (Rm 12,1) é o coração contrito que o busca de verdade na fragilidade dos meios que tem à disposição.

A ausência da comunidade e da celebração comunitária pode ser também liturgia. Uma das experiências que mais marcaram o meu caminho de fé foi a visita a dois missionários irlandeses com quem pouco falei. Viviam numa região semideserta no norte do Quénia. Durante cerca de 40 anos ali estiveram junto de um povo nómada, os Pokot. Não me hei de esquecer daquele natal de 2002. Não só porque o nosso carro avariou no semideserto a meio da noite e tivemos de percorrer uns 15 km a pé até à missão mais próxima, num lugar que – vim a saber no dia seguinte – era frequentado por hienas; não só porque em vez do nosso tradicional bacalhau, eu tive, naquele almoço de natal, um prato de honra atribuído aos convidados repleto de tripas cozidas; mas sobretudo pelo exemplo de vida daqueles dois missionários. Vivia cada um deles, sozinho, em missões que distavam uns 30 ou 40 km uma da outra. Durante dezenas de anos a sua missão foi estar. A sua pastoral era dizer àquele povo que o seu Deus os amava, mesmo antes deles o conhecerem, e que esse Deus estava ali, presente, através daquele estrangeiro. Não batizaram ninguém nos primeiros dez, quinze anos. Entretanto, trouxeram assistência médica, empenharam-se na alfabetização, na promoção da mulher e das crianças, abriram poços... quase sem palavras, diziam que ali estavam porque o seu Deus amava aquele povo mesmo antes desse povo o ter conhecido. E foi preciso esperar quinze, vinte anos até que alguém desejasse ser chamado da família desse Deus.

É preciso ser alimentado por uma esperança imensa, e uma fidelidade à promessa de Deus, para persistir em ser sinal no meio do fracasso. Para persistir em ser sinal para um povo que não compreendia, nem poderia compreender aquela opção de vida. É preciso ter uma fé de sábado santo, que sabe que a ausência de sinal é ainda presença de Deus.

Acredito que ser povo de sacerdotes é isto: celebrar a fé, a esperança e o amor, com a fragilidade dos meios de que dispomos, sem querer abafar a ausência da comunidade com virtualismos. O jejum de sábado santo é caminho imprescindível para a alegria da ressurreição.

Quando sairmos de casa, que igreja queremos ser?

O que espera o mundo da igreja? O mundo tem direito a exigir da igreja uma história capaz de captar a sua imaginação. E talvez importem menos os meios e os fóruns, mas nos seja exigido um testemunho de vida que se torna história narrada dessa aventura. Talvez importe sobretudo aquilo que S. Paulo pede aos coríntios: que os cristãos sejam carta aberta sobre Deus conhecida e lida por todos os homens (2 Cor 3,2). Ser discípulo de Cristo não é aprender de cor a sua vida, nem é seguir um manual de prescrições morais, nem é cumprir fielmente um ritual no respeito fidelíssimo de todas as rubricas. A proposta da fé não é a soma de argumentos ou a certeza de um ganho. É antes a proposta de uma amizade com uma pessoa que se conhece na relação. Este é um processo eclesial bem mais difícil: não há estratégias pastorais eficazes nem sucesso aparente. Não é uma questão de técnicas e mecânicas. Não se faz pastoral como quem monta a engenharia de um motor controlando todas as peças. Mas, na medida em que as comunidades estejam dispostas a serem testemunhas de uma relação, será o dinamismo da incarnação a ganhar forma no coração da própria igreja. Mesmo em tempos de isolamento. Porque somos um povo de sacerdotes.

 

Pedro Valinho Gomes

Investigador no Instituto Religions, Spiritualités, Cultures, Sociétés (UCLouvain)

Fonte:
http://www.educris.com/v3/catequese/9375-quando-sairmos-de-casa-que-igreja-queremos-ser-pedro-valinho

DAR À IGREJA? CLARO QUE SIM! DAR À IGREJA É DAR A TODOS NÓS

Recentemente no evento ENOVAR20 em que esteve presente uma representação bem grande da nossa paróquia, para além de muitas coisas importantes que foram ditas, uma delas chamou-me particularmente a atenção.

Nós usamos por vezes ou mesmo sempre, (quando se trata de ofertórios nas Missas, donativos ou angariações de fundos), a expressão “dar à Igreja”, como se estivéssemos a dar algo a uma entidade exterior a nós, ou para ajudar “uns coitados” que precisam de uns fundos!!!

Mas nós afirmamos, (ou devíamos a afirmar), que a Igreja somos nós, ou seja, aqueles que se reúnem em assembleia para rezar, louvar, adorar a Deus, seja de que maneira for, pela nossa oração individual, colectiva ou pela oração maior que é a Eucaristia, vulgarmente chamada Missa.

Então afinal nós estamos a dar a nós próprios, ou seja, estamos a arranjar os fundos necessários para que possamos viver a nossa fé em Igreja que, infelizmente como tudo no mundo, precisa de fundos financeiros para sobreviver e até ajudar outros que precisam.

Então a primeira coisa que me “salta à vista”, (a começar por mim), é que nós somos muito “avarentos” a dar a nós próprios!!!

Umas moeditas que trazemos no bolso, (nem podemos dar nada a ninguém no caminho senão ficamos sem os “tostões” para dar na Missa), enfim, verdadeiramente damos uma ínfima parte daquilo que temos e que devemos acreditar também é bênção de Deus que nos ajuda no trabalho do dia-a-dia.

É tempo de acabar com ideias erradas que ainda por aí circulam tais como, os ordenados dos sacerdotes são pagos pelo Estado, que a electricidade não é paga ou que a limpeza ou tudo o que necessário ao regular funcionamento de uma casa ou de uma estrutura como um escritório, (o Cartório, por exemplo), é gratuito não se percebendo muito bem então qual a entidade que suporta tudo isso, se não for a Igreja, neste caso a paróquia.

Queremos ter uma aparelhagem de som para podermos ouvir bem, iluminação na Igreja, flores, paramentos, alfaias litúrgicas, etc., etc., e não nos quedamos a pensar que é que paga tudo isso?

Não, não é o Santuário de Fátima, nem sequer a Diocese, (que aliás até precisa da ajuda das paróquias), nem é Deus Nosso Senhor que todos os meses no dia 31 deixa um envelope em cima do altar!!!!!

É verdadeiramente Deus Nosso Senhor que o faz, mas sempre por nosso intermédio, ou seja, com as posses de cada um, com aquilo que cada um generosamente dá.

E esta dar não pode, não deve ser, como que um “aliviar de consciência”, ou seja, dar uns cêntimos e “prontos” já cumpri a minha parte.

É como chegar à Missa até ao “fim da homilia” para cumprir preceito!

Reparemos todos que, (não tenho números que sustentem esta minha “afirmação”), a média que cada um dará nas Missas Dominicais, não ultrapassará seguramente os .50€ por pessoa.

Reparemos então que se aumentarmos para o dobro, ou seja 1.00€ essa dádiva, multiplicado por todos, dobra a “receita” semanal de que a paróquia tanto precisa?

E porque não, quando fazemos um bom negócio, uma boa venda, darmos uma parte maior à Igreja que somos nós, como agradecimento a Deus que guiando-nos nos ajuda no trabalho, no negócio?

No fundo aquilo que damos em Igreja, (tal como nos foi dito nesses dois dias e é verdade), são pequeníssimas sobras do que temos, como se déssemos a um convidado que vai lá a casa jantar as sobras do nosso almoço!?

E tenho a certeza que a paróquia com todo o gosto e transparência dará todos os anos conta do “recebido” e do “gasto” por forma simples que todos entendam, para que percebamos finalmente que não estamos a ajudar a Igreja, estamos a ajudar-nos enquanto Igreja que somos.

Poderemos num artigo posterior enumerar as diversas despesas da nossa ou de qualquer paróquia para que todos tenhamos verdadeira consciência daquilo que estamos a falar, mas para já, abramos o nosso coração, ( e a nossa carteira), e pensemos em dar um pouco mais a todos nós Igreja do tanto que Deus dá a cada um em cada dia.

 

Marinha Grande, 10 de Fevereiro de 2020

Joaquim Mexia Alves