Jubileu dos jovens: ao 4º dia, fé rima com gratidão

O calor aperta, as ruas fervilham de gente e os passos sucedem-se em direcção a basílicas, praças e fontes — mas não há cansaço que vença a alegria. Desde domingo, Roma acolhe 389 jovens da Diocese de Leiria-Fátima, que participam no Jubileu dos Jovens, evento promovido pelo Vaticano e que decorre até 3 de agosto. São dias intensos, de oração, descoberta e encontro, que muitos descrevem como uma continuação natural da Jornada Mundial da Juventude, vivida há um ano em Lisboa.

“Estamos em Roma, onde chegámos no domingo, integrando um grupo de 389 peregrinos, entre os quais se encontra o senhor bispo. A viagem foi longa e exigente, mas chegámos com alegria. Esta peregrinação está a ser vivida com grande intensidade e gratidão.” As palavras são do padre André Batista, diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ), que acompanha este grupo numeroso de jovens vindos de várias paróquias da Diocese. No seu testemunho, destaca-se o tom de entusiasmo, mas também de profunda espiritualidade, que tem marcado os dias desde a partida de Leiria, no passado dia 25 de julho.

A presença em Roma não tem sido apenas marcada pelos grandes momentos do programa oficial do Jubileu. Houve também tempo para se sair da cidade e conhecer um lugar muito especial para todos os que procuram viver a fé com simplicidade, radicalidade e alegria: Assis.

“Aproveitando a estadia em Roma, realizámos também uma visita à cidade de Assis, situada nas proximidades”, explica Gabriela Francisco, da equipa do SDPJ. “Tivemos a oportunidade de conhecer mais de perto o testemunho de São Francisco de Assis e de Carlo Acutis, cujos exemplos se revelam inspiradores, especialmente para os jovens. A jornada foi muito apreciada por todos e constituiu uma oportunidade de enriquecimento pessoal e espiritual.”

Francisco e Carlo: dois nomes que dispensam apresentações e que, apesar da distância temporal entre ambos, continuam a tocar os corações dos mais novos, desafiando-os a viver com coerência, generosidade e coragem. Visitar os seus lugares de vida e de testemunho é, para muitos, um momento de viragem.

Também D. José Ornelas, bispo da Diocese de Leiria-Fátima, faz parte desta peregrinação. Presença próxima e atenta, partilha com emoção o ambiente que se vive em Roma. “Nós, portugueses, trazemos ainda viva a memória da Jornada Mundial da Juventude”, afirma. “Em Roma, respira-se um ambiente semelhante: a cidade está repleta de jovens, vindos de diferentes partes do mundo. Por toda a parte se ouvem grupos a cantar em várias línguas, prontos para comunicar e partilhar a fé.”

Mais do que uma experiência turística ou um programa religioso, o Jubileu dos Jovens tem sido, até ao momento, um testemunho vivo de comunhão, diversidade e beleza eclesial. “Este ambiente é profundamente belo”, sublinha o bispo diocesano. “Desejamos que a nossa presença, enquanto Diocese de Leiria-Fátima, juntamente com tantos outros peregrinos portugueses, contribua para edificar esta experiência de Igreja viva em Roma. Que esta peregrinação seja também uma fonte de inspiração para a construção de um mundo em paz, no qual os jovens acreditem e se envolvam activamente na transformação da realidade, tornando a Igreja mais viva, mais autêntica e mais fraterna.”

Recorde-se que este forte envolvimento da juventude portuguesa no Jubileu dos Jovens nasce de um apelo muito claro deixado pelo Papa Francisco no encerramento da JMJ Lisboa 2023. No Parque Tejo, o Papa lançou um desafio aos jovens do mundo inteiro: reencontrarem-se em 2025, em Roma, para um novo tempo de fé, reconciliação e esperança. Foi essa chamada que muitos escutaram e à qual quiseram responder.

O lema do Jubileu é simples, mas profundamente marcante: No caminho eu confio em ti. E é isso mesmo que estes jovens, vindos de Leiria-Fátima, estão a viver. Caminham muito, partilham ainda mais. Rezam, celebram, cantam. Encontram Deus em cada igreja, em cada rosto, em cada silêncio e em cada abraço.

Estes dias em Roma são um tempo de graça. E, quem os vive, sabe que há memórias que não se esquecem — e caminhos que, uma vez começados, não se voltam a fazer da mesma maneira.