Domingo XXXII Tempo Comum - Dedicação da basílica de Latrão

As leituras proclamadas na Eucaristia de 9 de Novembro estão relacionadas com a Festa da Dedicação da Basílica de S. João de Latrão, Catedral do Papa, Bispo de Roma. Porque, liturgicamente, está classificada como “Festa”, ela tem precedência sobre o Tempo Comum.

Todas as dioceses têm a sua Sede onde o respectivo Bispo tem a sua Cátedra, a partir da qual ensina, administra e governa a porção do Povo de Deus a si confiada.

A liberdade religiosa decretada pelo imperador Constantino permitiu aos Cristãos começarem a construir os templos onde a Igreja se reunia e a serem consagrados a Deus, ou dedicados a Deus, através de celebração solene.

A consagração, ou dedicação a Deus, da Catedral do Papa teve lugar no ano 320 e, por esse motivo, ela é considerada a “mãe e cabeça de todas as igrejas”. Ao celebrar a Festa da Dedicação da Basílica de S. João de Latrão a Igreja celebra também a unidade de todos os fiéis, congregados em torno dos seus Bispos.

Esta celebração não é, então, a simples recordação de um facto da História. Ela representa a unidade do Povo de Deus e celebra o mistério da Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica, como rezamos no Credo.

As leituras proclamadas na Liturgia deste Domingo reflectem de um modo muito rico a realidade transcendente que é a nossa vida em Deus e a Vida que brota de Deus e se derrama em nós.

Ezequiel, numa linguagem vibrante de simbolismos, fala de purificação realizada pelas águas que saem do templo de Deus, as quais dão alento a todo o ser vivo, tornam os frutos abundantes e espalham vida por toda a parte, tornando sãs as águas insalubres.

Esta prefiguração anunciada no Antigo Testamento realiza-se plenamente em Cristo, que purifica Ele próprio o templo de Deus, com a autoridade de Deus porque Ele mesmo é Deus. Na passagem do Evangelho que escutamos Jesus anuncia, em linguagem só entendida totalmente depois da sua Ressurreição, que Ele próprio é o Templo de onde brotam as águas abundantes que dão Vida plena, no qual todos os crentes adorarão a Deus em Espírito e Verdade.

São Paulo, na Primeira Epístola aos Coríntios, por sua vez ensina que, tendo como alicerce Jesus Cristo, todos os fiéis são templos de Deus, habitados pelo Espírito Santo de Deus e construtores do edifício santo que é a Igreja de Deus, afirmando: “Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo e vós sois esse templo.”

Fernando Brites