O Papa precisa de Amigos

Gastei imenso tempo a olhar para esta imagem e o coração enche-se-me de coisas boas.
A reacção é natural nas crianças, e aqueles olhos arregalados talvez ainda não sejam capazes de distinguir bem as feições do nosso Papa, menos ainda o seu sorriso.
Mas uma parte de mim sussurra: “e se a criança sabe alguma coisa que nós não sabemos?”

Viajemos na maionese.
Penso no entusiasmo com que Maria recebeu a notícia da gravidez da prima Isabel e vice-versa.
Penso no entusiasmo de João Baptista (acho que devíamos traduzir como os ingleses e chamar-lhe João o Baptizador) ao reconhecer o Menino Jesus.
Penso na criança que Jesus puxou para si para explicar aos discípulos o tamanho que é necessário ter para ajudar a construir O Reino dos Céus.
E permitam-me que veja algo mais. O Santo Padre nem ficou bem neste instante. O vídeo é claro, o momento é rápido (uma nota rápida para o à-vontade com que agarra crianças e a ligeireza e facilidade, o homem é atleta!), e não há dúvida que houve ali surpresa pelo vigor com que lhe agarraram os colarinhos (sim, eu sei, chama-se Romeira ou Peregrina, conhecida também como "peregrineta", em italiano), mas o Papa parece surpreso!
Recorda-me o dia da eleição e a surpresa ao contemplar o mar de gente na praça que dava voz e rosto à Esposa de Cristo.

Pois eu vejo ali o Menino Jesus que o abençoa e o encoraja porque ele está a superar-se!
Tem sido incrível ver, ouvir, a calma, serenidade, a dignidade, a contenção das palavras e gestos deste Papa. Depressa os extremos o quiseram reclamar e rotular e ele, qual Jesus a passar pela multidão que o queria apedrejar, passou por eles e foi fazer o que lhe pareceu melhor.

Partilho aqui um corte do discurso ao jovens do Jubileu:

Não me sai da cabeça que o próprio Jesus veio na pessoa daquela criança suportar, incentivar este homem de Deus.
Porque o Papa precisa de amigos, que o suportem, amparem, rezem com ele e por ele. Que o incentivem a ser Santo, a cumprir os desígnios que Deus tem para ele.
Quem não se sente motivado quando alguém lhe puxa os colarinhos daquela maneira?
Quem não sente que é capaz de tudo quando à sua volta há quem queira apenas o seu bem, que seja santo, forte, inteiro e todo de Deus?
Foi para os jovens, mas serve bem a toda a gente.
Não podemos garantir que todos os que nos rodeiam sejam assim, mas podemos garantir que o somos na vida dos nossos.
Aquela criança, talvez seja hoje uma espécie de Percursor, como o João de quem recordamos hoje a decapitação, do Papa.
Desejo profundamente que aquele sorriso seja sinal da bênção de Deus.
Sinal que estamos a entrar numa nova época, numa nova fase, guiados pelo Menino que se fez Homem por nós.
Rezemos com e pelo Papa e sobretudo deixemo-nos contagiar pela sua palavra e pelo seu incentivo.

 Pe. Patrício