Hoje e sempre de resto. Mas tem sempre este quê de bruto à primeira leitura e profundamente sensível, oportuno e verdadeiro quando lemos com olhos de ver. e então torna-se belo, denso, cheio de camadas de sentido e de leitura.
Um mapa das estrelas que nos ajuda a navegar a vida a um nível superior ao da Navegação Quântica, que se prepara para substituir o GPS e a necessidade de satélites.
Esta semana ficamos todos sensíveis com a história de servir a Deus e ao dinheiro. É automático: ficamos desconfortáveis. Viemos numa economia, precisamos de dinheiro e não passa pela cabeça de ninguém servir o dinheiro, até porque, aqui no meu bolso, como no vosso, ele é pouco!
O foco, não arranjado desculpas para não falar de como somos muitas vezes comandados e vivemos em função dessas preocupações, está mais no valor do valor.
No valor do que temos, do que somos.
O administrador foi acusado de esbanjar os bens do seu senhor.
E isto tocou-me. Não nos é fácil reconhecer valor. O próprio, por timidez ou vergonha. O dos outros talvez por pressa(!), estamos sempre ocupados, já não se usa.
Talvez o Evangelho seja duro para acender campainhas cá dentro e suscitar uma reflexão profunda do esbanjamento inconsciente que fazemos do dom que somos.
Apressados e ocupados demais para o fazer crescer e cuidar enquanto pessoas. Apressados e ocupados demais para reconhecer o valor de quem nos rodeia, de quem nos cuida e ama. De quem nos é importante.
Sim, é conversa de velório. “Era tão boa pessoa, etc. e tal” “já não nos víamos há meses...”
Estes dias dei com uma capela em amena cavaqueira, digna de convenção internacional de beatas falsas, parecia que não se viam há anos. Quando comentei que talvez estivessem a incomodar quem tentava rezar, responderam-me muito solenemente: Somos vizinha e nunca nos vemos! Estamos a meter a conversa em dia.
Má educação à parte, aquilo bateu-me. Vizinhas que nunca se veem. Andará tudo distraído? Absorvido pela espuma dos dias que nos envolve e arrasta para o fundo do mar?
E depois fica o quê?
Pena? Pena do que não se fez, do que não se disse? Pena de não ter usado o tempo de outra forma?
Vi há uns tempos uma lista dos maiores arrependimentos, conforme os sítios o contexto era ligeiramente diferente, mas falavam disto:
Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim;
Eu gostaria de não ter trabalhado tanto;
Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos;
Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos;
Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz.
Tirando ali o ter trabalhado tanto... enfim (falaremos da reforma dos padres outro dia), o resto nem é assim tão complicado.
Reduzir o evangelho deste domingo ao vil metal é pouco. Os bens desperdiçados são outros, somos nós. E nós somos preciosos. Não esperemos a sala de espera do hospital, uma tragédia ou a casa velório para verbalizar o valor que reconhecemos aos que são nossos. E façamos render com juro igual à década de 80.
O Gemini escreveu o seguinte modelo de SMS:
Olá! Sei que provavelmente é do nada, mas estava aqui a pensar na sorte que tenho em ter-te na minha vida. Queria só agradecer-te por seres esse amigo incrível, por todo o apoio e pelas risadas de sempre. A tua amizade é mesmo muito importante para mim. Um grande abraço!
Ora experimentem.