Voltei a ter pesadelos

Esta noite voltei a ter pesadelos, acontece com alguma frequência. São sempre muit semelhantes na dinâmica, andam sempre em torno de alguma ansiedade: chegar a um lugar que se revela afinal muito longe, cada vez mais.
É comum acordar e recordar claramente. Às vezes até acho que estou acordado a ver o sonho.

Hoje, reconheci o cenário de outras noites mal dormidas.
O meu cérebro criou um cenário virtual que mistura Ourém, Leiria e Marinha Grande. É toda uma cidade bem estruturada, com esquinas e cruzamentos que me são estranhamente familiares, mas ao mesmo tempo novos.

Dei por mim já desperto a pensar: por mais voltas que dê volto sempre ali.
O tempo passa, variam as palermices com que sonho, mas parece que caminho sempre para ali, para aquele lugar.
Dei por mim a pensar, já que dormir já não ia, que a nossa comunidade precisa fazer o mesmo.
Caminhar para o mesmo lugar. Ritmos diferentes? Sim. Atalhos e opções de navegação distintos? Sim. Mas o mesmo destino final. A mesma Visão.
O Copilot do office diz que:

A visão pastoral é mais do que um conjunto de objetivos ou planos de ação. Trata-se de um olhar inspirado pelo Evangelho, atento aos sinais dos tempos e às necessidades específicas do povo de Deus em determinado contexto. Esta visão permite ao líder comunitário discernir os caminhos a seguir, integrando tradição e inovação, fé e ação, espiritualidade e serviço.

Começamos este fim de semana um novo ano de catequese, um novo Percurso Alpha já com mais de 50 inscritos. Este ano acolhemos 10 convidados dos Marrazes, que vêm em ordem a virem formar equipa na sua paróquia (não digam a ninguém que eles ainda não sabem bem a intenção do padre deles!). vamos até partilhar o fim de semana com Soure e Pombal.

A nossa comunidade está a tornar-se uma “Paróquia HUB”.
O que é isso padre Patrício? O Copilot explica:

Uma “Paróquia HUB” refere-se a uma paróquia que atua como ponto central de ligação, colaboração e dinamismo entre diversas comunidades, grupos e iniciativas da região. Tal como um hub tecnológico ou logístico, esta paróquia assume um papel de coordenação e apoio, promovendo a partilha de recursos, experiências e formação entre diferentes paróquias e movimentos. O objetivo é potenciar o crescimento espiritual, a missão e o serviço, criando redes de apoio mútuo e fomentando uma identidade comunitária alargada, onde todos caminham juntos rumo à mesma visão.

Os escuteiros estão a arrancar também, novos miúdos a entrar e já a sonhar com actividades e saídas e conquistas.

O mesmo com os serviços, movimentos, por aí fora.

- Então, mas, e para onde vamos?
Boa pergunta!

De algum modo sinto que todos sabemos, ou que nos é mais ou menos óbvio.
Vocês para o Casal Galego e eu para o alto de Caxarias. Ser santos, levar uma vida honesta, decente...
Cada um terá seguramente a sua ideia. nenhuma delas estará errada seguramente.
Ainda assim, acredito que seja como a cidade que habito nos meus pesadelos: familiar, conhecida, nova, mas difusa, baça, escura.

E a visão precisa de imprimir entusiasmo!
Inspirada pelo Evangelho a visão, o destino final de todas as nossas reuniões, actividades, esforços, precisa de suscitar entusiasmo: “Eu quero aquilo para mim! Eu quero chegar lá!”

A visão pastoral é uma imagem daquilo que Cristo nos chama a ser como comunidade para prosseguir a Sua missão de salvação, no nosso ambiente. Apresenta um futuro sustentável que desperta paixão e força nos corações dos fiéis. Como a fé, mostra as coisas antes que aconteçam (Hebreus 11, 1).

A visão responde à pergunta: «para onde vamos?» A visão dá-nos um objetivo de médio prazo (cerca de 5 anos).

Quem traz os filhos à catequese ou aos escuteiros? Que pretende para ele?
Não será só um ATL. Os pais sonham para os filhos que possam crescer, como o Menino Jesus em graça e estatura. Trazem-nos a uma paróquia, uma comunidade católica, que precisa ser clara no para onde se dirige. Todas as escolhas são feitas nesse espírito e nessa direção.

 Sonho acordado com um novo ano pastoral que nos ajude a tornar claro e distinto o nosso caminho.
Cumpriram-se 6 anos do meu mandato de Pároco e muito mudou. Ontem o padre Pedro Viva (manda cumprimentos) dizia-me: “já não é a mesma paróquia que conheci.”

Sinto que é chegado o tempo de sermos claro, conscientes, intencionais.
Sonho-o para a Paróquia da Marinha Grande, para a Maceira, para Alpedriz e para Pataias.
Hoje partilharam comigo esta imagem.

tradução livre de: ugly action beats unfinished perfection

Pareceu-me oportuna. Acredito que temos uma construção bem começada, bem alinhavada. É tempo de endireitar, cuidar dos pormenores. Fortalece-la para que possa dar frutos.

Frutos de vidas transformadas.

Pe. Patrício Oliveira