Weihnachtsfrieden

Weihnachtsfrieden[1]

Estes dias pós-Natal e pré-Ano Novo, recordam-me sempre a trégua de Natal, quer dizer mais ou menos. Há o boxing day[2] e há o ter de ir para o shopping trocar a camisola que avó deu que está curta, porque elas acham sempre que estamos muito magrinhos.

Passaram 111 anos da famosa trégua de Natal na primeira guerra mundial, é uma história que surpreende, seria ingenuidade, ninguém sabia bem a brutalidade do que estaria a acontecer e no que se tornaria com trincheiras e gás. Talvez fosse da juventude dos soldados enviados a combater na vez dos poderosos. Mas pararam. Colocaram de parte e fizeram diferente.

E digam-me lá: as vossas cozinhas não pareciam autênticos campos de batalha para preparar tudo?

Quantos de vós, caros leitores, não terminam o Natal a prometer, a vós mesmos, que para a próxima será diferente, que vão fazer menos, que não se vão chatear tanto? Que não era preciso tanto!

E estamos apenas na trégua entre Natal e Ano Novo! Quarta-feira é outra vez o salve-se quem puder.

No entretanto a liturgia propõe-nos olhar a Sagrada Família. E não, não os vamos encontrar no recobro da sala de parto, tranquilos a receber visitas. Vamos vê-los com ordem de marcha urgente para o Egipto: a palavra de ordem é clara e assustadora: Toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito.

Pobre José, ainda mal percebia o que se estava a passar, não lhe bastava a dor que foi encontrar um local e condições para o parto e agora impunha-se fugir pela vida.
Num mundo devastado pela guerra e pela violência, a que vemos nos noticiários e as que não fazem manchete, quantos não passaram assim o Natal, a correr pela vida, pela sobrevivência?

Perguntei ao chatgpt vejam lá em baixo.[3]

Mas para além dos palcos globais e das guerra e conflitos, há os nossos, os interiores, as lutas e guerras que não partilhamos com (quase)ninguém e que ferem, lá dentro, onde não era suposto.
A família de Nazaré, recordava o padre Adelino “até perderam o menino com 12 anos!”, também teve as suas lutas e são, por isso, para nós modelo. Neste tempo intermédio de pausa, olhemos para o lado, que as famílias possam ser parceiros de trincheira, local de repouso, descanso, alívio.

Penso nas mães que se sentem meio desvalorizadas e dadas por adquiridas e que de tanto cuidar, podem não ter quem cuide delas. Afinal elas são incríveis e certamente não devem precisar, não é? E tudo depende delas, tudo gira em torno delas e elas fazem parecer tudo tão fácil que depois sentem-se sozinhas porque ninguém percebe, nem vê e elas queriam ser vistas.

Mas também penso nos maridos, que tendem a não ver, mas ajudam se pedirem, a mãe deles não os educou para essa visão. E fizeram o mais difícil: escolher bem a esposa. Esposa que também não entende bem como é que o marido vê o mundo, se bem a manteiga ele vê no frigorífico.

Querem falar dos adolescentes e pré adolescentes?

Diziam-me há uns dias: “amamo-nos muito, mas somos tão diferentes que não é sempre fácil”.
É como se estivessem em sintonias diferentes, uma conversa em línguas diferentes, em que o encontro a meio nem sempre é fácil e óbvio.
Estas festividades e esta da sagrada Família aqui em particular, possa ser uma oportunidade de trégua.
Vi que noutras latitudes e tempos, havia até um tempo para “fazer contas” e as mulheres até batiam no marido para se vingar, já não sei os pormenores todos.

Creio que não será necessário chegar a tanto.
Mas quem sabe se esta festa não é tempo de pausa da sensação de guerra de sobrevivência?
Penso, sobretudo nos casais, que sinto numa luta difícil, é muita coisa para aguentar. e entendo que é fácil deixar de ver o “sócio” (lido aqui em género neutro) como colega de trincheira e passar a ver como mais uma batalha.
Maria e José tiveram seguramente as suas batalhas para entender a vontade de Deus para ambos e como isso se haveria de concretizar no dia a dia. acrescentando ainda um pré-adolescente que fugia para casa do Pai, “onde é que havia de estar?!?”

Quem sabe se não é um fim de semana bonito para olharem, com olhos de ver, um para o outro?
Voltar a dizer em voz alta porque se apaixonaram um ao outro e um pelo outro.
Porque não contar a história aos miúdos?
Porque não fazer uma lista de coisas que apreciamos, consciente ou inconsciente e a dizem em voz alta? Mesmo que seja óbvio.
Que esta(s) festa nos recorde a família como refúgio seguro, porto de abrigo, onde termina a luta do dia a dia, onde não é preciso fingir e parecer forte.

Refúgio porque podem ser transparentes, seguros se que não vem um lá estás tu outra vez com as tuas coisas. Seguro, porque abrindo o coração, não vai ser ouvido uma queixa ou ataque, é partilha, e pode até ser palerma, mas vai ser ouvido com atenção, porque naquele momento aquilo é importante.

Mas eu sou solteiro, que sei eu? Mas que não é normal uma pessoa sentir-se sozinha numa casa cheia de gente, lá isso não é.

Até para o ano. Este 2026 é que vai ser!

 


Trégua de Natal (em inglêsChristmas truce; em alemãoWeihnachtsfrieden) é o termo usado para descrever o armistício informal ocorrido ao longo da Frente Ocidental no Natal de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial. Durante a semana que antecedeu o Natal, soldados alemães e britânicos trocaram saudações festivas e canções entre suas trincheiras; na ocasião, a tensão foi reduzida a ponto dos indivíduos entregarem presentes a seus inimigos. Na véspera de Natal e no Dia de Natal, muitos soldados de ambos os lados — bem como, unidades francesas ainda que em menor número — se aventuraram na "terra de ninguém", onde se encontraram, trocaram alimentos e presentes, e entoaram cantos natalinos ao longo de diversos encontros. As tropas de ambos os lados também foram amigáveis o suficiente para jogarem partidas de futebol.

[2] Boxing Day é o termo utilizado em numerosos países anglófonos para designar um feriado secular comemorado no dia seguinte ao dia de Natal, ou seja, em 26 de dezembro. Atualmente o dia é uma ocasião de liquidações, sendo um dos dias mais movimentados do comércio nos países onde é comemorado, nomeadamente o Canadá.

[3] Atualmente, o número de conflitos armados no mundo é elevado, com estimativas variando, mas apontando para mais de 120 conflitos em 2024/2025, incluindo grandes guerras (como Ucrânia, Gaza, Sudão, Síria, Mianmar) e inúmeros confrontos menores, num recorde de atividades desde a Segunda Guerra Mundial, segundo estudos do Instituto de Pesquisa para a Paz de Oslo (PRIO) e outras fontes como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). A maioria ocorre em países como a África, Ásia e Oriente Médio, com a África sendo o continente mais afetado. 

Principais Conflitos Ativos (2024/2025)

·       Ucrânia: Invasão em larga escala pela Rússia.

·       Gaza/Israel: Conflito entre Israel e o grupo Hamas.

·       Sudão: Guerra civil entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido (RSF).

·       Síria: Conflito entre o governo e grupos rebeldes.

·       Mianmar: Conflito entre o governo e grupos étnicos.

·       Nigéria: Conflito entre o governo e o grupo Boko Haram.

·       Etiópia: Conflitos com grupos como o Fano.

·       Sahel (Burkina Faso, Mali): Luta por controle territorial com grupos jihadistas.

·       Somália: Conflito entre o governo e o grupo Al Shabab.

·       Afeganistão: Conflitos internos e com o Paquistão. 

Contexto Geral

·       Número Elevado: Relatórios de 2024/2025 indicam mais de 120 conflitos, o maior número em décadas.

·       Motivações: Disputas por território, poder político e recursos naturais.

·       Impacto Humanitário: Milhões de pessoas deslocadas e feridas, com violações frequentes do Direito Internacional Humanitário (DIH)
·       Escalada: Houve um aumento significativo na violência após 2022, impulsionado por grandes guerras. 

Em resumo, há uma crise global de conflitos, com muitos eventos sangrentos em andamento, mesmo que nem todos recebam atenção mundial.