- Gosto muito de ti, diz o pai enquanto aconchega a filhota para dormir.
- Gosto de ti 3.000, responde ela com o sorriso feliz.
- 3.000?! Que loucura!
3.000 era o maior número que ela conseguia imaginar. Assim expressava o enorme amor e o carinho que tem pelo pai.
São ambas verdade e expressam sentimentos verdadeiros que bem sabemos não se quantificam, mas são ao mesmo tempo incompletas na medida em que não fazem o outro sentir a verdade do quanto é amado pelo outro.
A menina, é ainda nova demais para perceber o quanto vai crescer ainda, imagino que rapidamente chegue aos 9.000, mas não consegue ainda abarcar a verdade do que vai no coração do pai, que sorrindo embevecido e impressionado pelo 3.000, sabe que trocaria a sua própria vida pela dela num ápice sem hesitar.
Talvez estejamos todos fadados a isto, a não entender o quanto somos/fomos amados pelos pais.
Não deixo de pensar que é justamente isto que vivemos hoje.
O Senhor morreu mesmo por nós. E nós, bem louvamos, bendizemos, para preparar caminho para pedinchar, e pedinchamos muito(!), mas dizemos ainda com leveza que morreu por nós.
Hoje multiplicam-se as publicações mais ou menos cinematográficas que acabamos por rejeitar ou pela violência brutal ou por ser coisa de filme. Mas a verdade permanece: foi feio, violento para lá do que seria humanamente aceitável. E fê-lo porque nos ama. Mais do que conseguimos dizer, mais do que podemos contar.
A menina da história dorme reconfortada com a certeza que o pai a ama. Essa certeza trás tranquilidade e conforto, segurança no dia de amanhã e no futuro.
Seja hoje, esta a nossa certeza: O Senhor ama-nos para lá do imaginável, deu a vida. Mesmo e apesar das fragilidades, traições e pecados.
Não precisamos de muitas palavras, nem muitas explicações. Talvez hoje baste pedir o dom de nos impressionarmos com os relatos e a certeza que O senhor nos ama, muito mais que 3.000.
Pe. Patrício Oliveira