O domingo de Pentecostes marca, se é que se pode dizer assim, o início da Igreja.
Jesus tinha dito que ficassem na cidade até receber o Espírito Santo, agora é o momento da chegada. Chega Aquele que nos há-de ensinar todas as coisas e recordar o que Jesus ensinou. Com Ele, inicia o maior dos movimentos da história da humanidade. Começou com 12 apóstolos, 72 discípulos e mais uns curiosos e não parou mais. A promessa era que A Boa nova fosse levada até aos confins do Mundo e o mundo ainda não parou de crescer. O universo está em expansão acelerada (para saber para onde, podem perguntar David Sobral).
Significa que estamos numa aventura que não tem fim, os quarentões recordar-se-ão da Never Ending Story - História interminável (1986). E sim, pode parecer uma tarefa hercúlea, demasiado grande para a nossa fragilidade, mas Ele ensinará, capacitará e auxiliará (ou Paraclitará!), é essa a promessa. A nós é pedido que nos mantenhamos unidos, preparados, em saída. Conscientes do peso, mas sobretudo da importância da Missão.
Não é demais repetir: a Missão é que tem uma Igreja. E “uma Igreja que não serve, não serve para nada”. Impõe-se reaprendermos as prioridades, o foco, unidos “como Eu e o Pai somos”, conscientes que ninguém se salva sozinho, é uma corrida, mas não entre nós, talvez connosco mesmo, mas os outros não são o inferno – os outros são os irmãos que trilham o mesmo caminho, que buscam a mesma meta. São simultaneamente o objeto da missão e os colaboradores.
Há alguns anos que para nós expressões como Renovação Pastoral são familiares na nossa paróquia e agora também na Diocese, nas vigararias e nas unidades pastorais.
É sempre o mesmo desafio, a mesma corrida: a redescoberta da motivação que nos leva a correr (como atleta que percorre alegremente o seu caminho) mas, sobretudo, o para onde e para quê.
Dizem que quem corre por gosto não cansa. Desconfiei sempre muito dessa gente, sinto sempre que é gente que só corre de ver os outros. Esta Missão que nos foi confiada é exigente, dura, exige, consume energia. E sim, é natural que andemos cansados, seja pelo “fardo da missão”, seja porque não corremos com o devido cuidado e cabeça, ou porque corremos por correr de forma desengonçada.
Sonho com uma igreja missionária. Uma igreja que pensa em conjunto. Uma igreja sinodal que sabe que a sua voz é ouvida, mas sobretudo necessária.
Dou por mim a sentir que muitas vezes, muitos dos nossos processos de escuta, de pedidos de opinião são em jeito do Luís de Matos. Sempre que alguém como ele diz escolha uma carta, uma carta qualquer, é sempre mentira! A carta está a ser forçada, ou a nossa escolha conduzida.
Mas essa é também a postura mais fácil, porque nos retira a responsabilidade.
Eu sonho com uma igreja que ajude a construir o baralho. Se sinta responsável.
Sonho com uma paróquia de pessoas que vêm porque querem ajudar a salvar o mundo e os irmãos e não só a si mesmos.
O processo de renovação passou da Marinha, para a Diocese e a agora retorna de modo especial à Vigararia. O nosso Tartan está me constante mutação, e agora alarga-se à Maceira, a Pataias e Alpedriz. Em tempos de escassez de padres, urge encontrar novos processos, partilhar esforços e ideias.
Vamos confiantes e imploramos a ajuda daquele que virá recordar e ensinar tudo o que precisamos.
O tiro de partida é antigo, mas sempre novo e empurra-nos para a frente, determinados, sem medo, com um coração alicerçado neste Senhor Jesus, seguros de que quando o invocamos ele conduz e inspira.
A meta? A meta é o Céu que havemos de construir aqui na Terra.
Pe. Patrício Oliveira